Um tribunal sul-africano condenou nesta terça-feira a 35 anos de prisão os líderes de um grupo de extrema-direita por um atentado contra o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, que deixou um morto e vários feridos em 2002.
No total, cinco pessoas foram condenadas a 35 anos de prisão, incluindo Mike du Toit, considerado o cérebro do grupo que se chama "Boermag" ou "Força Boer", nome dos descendentes dos colonos holandeses que chegaram à África do Sul no século XVII, segundo Sidupe Simasiku, porta-voz da Promotoria.
"Seu objetivo era derrubar o governo por meios não constitucionais, com violência", afirmou o juiz Eben Jordaan antes de emitir seu veredicto. Em 2002, uma bomba colocada em uma estrada de Soweto pela qual deveria passar o Prêmio Nobel da Paz e herói da luta contra o apartheid explodiu matando uma mulher. Mandela escapou porque acabou fazendo a viagem de helicóptero. A audiência aconteceu sob forte esquema de segurança, já que dois dos acusados tentaram fugir em duas ocasiões, em 2006 e 2011. Em uma ironia do destino, este tribunal, a Suprema Corte de Pretória, é o mesmo que condenou Mandela à prisão perpétua sob o regime racista do apartheid, em 1994.
Os cinco condenados a 35 anos de prisão eram processados por "alta traição e formação de quadrilha para assassinar Nelson Mandela", esclareceu Simasiku. Eles devem permanecer na prisão por mais 15 anos, pois já cumpriram penas que incluem os dez anos de prisão preventiva. Outros nove acusados foram libertados. "Eles falharam (em matar Madela) por pouco", ressaltou à AFP um investigador, Tollie Vreugdenburg, durante a audiência. O Boeremag reivindicou nove atentados a bomba na madrugada de 30 de outubro no bairro de maioria negra de Soweto, ao sudoeste de Joanesburgo, tendo como alvo uma mesquita, pontos de ônibus e ferrovias.
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"Ainda há bolsões de extrema-direita, racistas, mas acredito que a África do Sul está no caminho certo", disse à AFP . Para participar do último dia do julgamento, uma organização de extrema-direita, os Republicanos Boers, fretaram ônibus para alguns de seus militantes, que não hesitaram em expressar abertamente sua simpatia ao plano dos acusados.
"Eu os apoio 100%, porque seu plano era justo. Nossa comunidade é oprimida, somos escravos e as pessoas devem se revoltar", explicou um deles à AFP.