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Estado de Minas

Grupo que tentou matar Mandela em 2002 pega 35 anos de prisão

Em uma ironia do destino, este tribunal, a Suprema Corte de Pretória, é o mesmo que condenou Mandela à prisão perpétua sob o regime racista do apartheid, em 1994


postado em 29/10/2013 15:10 / atualizado em 29/10/2013 17:01

Um tribunal sul-africano condenou nesta terça-feira a 35 anos de prisão os líderes de um grupo de extrema-direita por um atentado contra o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, que deixou um morto e vários feridos em 2002.


No total, cinco pessoas foram condenadas a 35 anos de prisão, incluindo Mike du Toit, considerado o cérebro do grupo que se chama "Boermag" ou "Força Boer", nome dos descendentes dos colonos holandeses que chegaram à África do Sul no século XVII, segundo Sidupe Simasiku, porta-voz da Promotoria.

O juiz da Alta Corte de Pretória sentenciou os outros 20 membros dessa milícia a penas entre dez e 30 anos de prisão, dependendo do grau de envolvimento nos fatos. Entre as 20 pessoas sentadas no banco dos réus estão professores universitários, um médico, fazendeiros e ex-militares. O atentado estava previsto para o dia em que Mandela, o primeiro presidente negro do país, deveria inaugurar uma escola, em outubro de 2002, e serviria para desencadear ataques contra os brancos em represália, favorecendo assim um golpe de Estado.

"Seu objetivo era derrubar o governo por meios não constitucionais, com violência", afirmou o juiz Eben Jordaan antes de emitir seu veredicto. Em 2002, uma bomba colocada em uma estrada de Soweto pela qual deveria passar o Prêmio Nobel da Paz e herói da luta contra o apartheid explodiu matando uma mulher. Mandela escapou porque acabou fazendo a viagem de helicóptero. A audiência aconteceu sob forte esquema de segurança, já que dois dos acusados tentaram fugir em duas ocasiões, em 2006 e 2011. Em uma ironia do destino, este tribunal, a Suprema Corte de Pretória, é o mesmo que condenou Mandela à prisão perpétua sob o regime racista do apartheid, em 1994.

Os cinco condenados a 35 anos de prisão eram processados por "alta traição e formação de quadrilha para assassinar Nelson Mandela", esclareceu Simasiku. Eles devem permanecer na prisão por mais 15 anos, pois já cumpriram penas que incluem os dez anos de prisão preventiva. Outros nove acusados foram libertados. "Eles falharam (em matar Madela) por pouco", ressaltou à AFP um investigador, Tollie Vreugdenburg, durante a audiência. O Boeremag reivindicou nove atentados a bomba na madrugada de 30 de outubro no bairro de maioria negra de Soweto, ao sudoeste de Joanesburgo, tendo como alvo uma mesquita, pontos de ônibus e ferrovias.

A existência de uma corrente extremista ou separatista, nostálgica da supremacia branca e do apartheid é uma realidade na África do Sul, mas que representa uma minoria dentro da comunidade afrikaner, que constitui cerca de metade dos 9% dos sul-africanos brancos. Os afrikaners são os descendentes dos colonos holandeses e franceses do século XVII. A outra parte da comunidade branca descende de colonos britânicos.

No entanto, a africanização de nomes de ruas e locais, a prioridade dada aos negros no mercado de trabalho e uma administração nacional deficiente continuam a provocar mal-estar. Ainda sim, facções que aderiram à ação violenta durante a transição democrática, entre 1991 e 1994, perderam terreno. O Boeremag teria contado com milhares de membros, mas "não existe mais nada parecido com isso", garante Johan Potgieter, do Instituto de Estudos de Segurança (ISS, Pretória).


"Ainda há bolsões de extrema-direita, racistas, mas acredito que a África do Sul está no caminho certo", disse à AFP . Para participar do último dia do julgamento, uma organização de extrema-direita, os Republicanos Boers, fretaram ônibus para alguns de seus militantes, que não hesitaram em expressar abertamente sua simpatia ao plano dos acusados.

"Eu os apoio 100%, porque seu plano era justo. Nossa comunidade é oprimida, somos escravos e as pessoas devem se revoltar", explicou um deles à AFP.


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