O Papa quer que a Santa Sé lute contra as formas modernas de escravidão, sobre as quais uma conferência deve ser organizada em 2015, anunciou nesta segunda-feira o Vaticano após a reunião de um grupo de especialistas convocada por Francisco.
Trabalho forçado, prostituição, tráfico de órgãos e demais tráficos mantidos por organizações criminosas internacionais: reunidos durante o fim de semana com as Pontifícias Academias das Ciências e das Ciências Sociais, e a Federação Internacional de Associações Médicas Católicas (FIAMC), sessenta observadores, religiosos e leigos formularam uma proposta contra todas as formas de escravidão.
"Alguns observadores acreditam que o tráfico humano irá ultrapassar o tráfico de drogas e armas em 10 anos, tornando-se a atividade criminosa mais lucrativa no mundo", declarou nesta segunda-feira em uma coletiva de imprensa o bispo Marcelo Sanchez Sorondo, chanceler da Pontifícia Academia das Ciências.
Segundo ele, a Santa Sé prepara para 2015 uma reunião de quatro dias a este respeito.
Sorondo destacou o envolvimento pessoal do Papa Francisco nesta questão que a Santa Sé "não reconhecia a seriedade".
O Papa "reconheceu em junho a necessidade de" reunir estas academias.
Entre as formas de trabalho forçado mais preocupantes, especialmente na América Latina, figura a das crianças e adolescentes que vendem drogas, denunciaram os participantes.
Com as organizações criminosas existe uma "cooperação, às vezes inconsciente, de muitas empresas multinacionais e até mesmo de governos", denunciou o bispo Sorondo.
O presidente da FIAMC, Dr. José Maria Simon Castellvi, elogiou como "uma mudança histórica" na atitude dos participantes frente a prostituição. "A linha é a tolerância zero. A prostituição deve desaparecer, não é um mal menor", disse, ressaltando que "a prostituição está sempre ligada à violência da máfia, às drogas".
A cada ano, 2 milhões de pessoas são vítimas de tráfico sexual, 60% são meninas, de acordo com dados divulgados na conferência.