Berlim, a capital alemã sem dinheiro nem indústria, mas com energia abundante e barata, busca start-ups para criar os empregos que tanto necessita.
"O objetivo é se transformar em número um das start-ups na Europa", disse o prefeito de Berlim, Klaus Wowereit, autor do slogan "cidade pobre, mas sexy", embora reconheça que "ainda resta um pouco de trabalho a fazer".
Para Berlim, estas mini-empresas que apostam em ideias inovadoras podem ser um motor econômico, contribuir para aumentar a arrecadação fiscal e criar empregos.
A agência MacKinsey calcula que podem ser gerados 100.000 postos de trabalho até 2020, apesar de não especificar o tipo, um sopro de ar fresco que cairia muito bem a uma região onde o desemprego afeta mais de 11% da população ativa, o mais alto do país.
Em menos de dois anos, a start-up Kiwi criou nove empregos. Quando teve seu primeiro filho em 2005, Claudia Nagel, diante da dificuldade de encontrar suas chaves para abrir a porta de seu prédio com as mãos ocupadas, teve a ideia de criar um cartão de acesso a distância. Quatro pessoas começaram a fazer o projeto em 2012 e agora a empresa emprega 13 pessoas.
Berlim conta com 2.500 start-ups ativas, sobretudo, as de internet e informática, segundo a jovem federação do setor. Ainda há um caminho a percorrer para se transformar em um "Vale do Silício" da Europa, um título que corresponde melhor a Londres, 7ª cidade criadora de empresas inovadoras. Berlim é a 15ª, atrás de Paris ou Moscou, segundo McKinsey.
Encubadora de jovens talentos
"Berlim tem muitas vantagens: para começar, atrai jovens talentos internacionais", disse Claudia Nagel. Entre seus colegas há um norte-americano, um neo-zelandês e um espanhol.
Também conta com uma "importante concentração de start-ups", fonte de inspiração, uma boa situação geográfica, muito espaço e um atrativo importante: o custo de vida é relativamente baixo.
Com o capital inicial, você "aguenta duas vezes mais em Berlim que em Londres", disse Luis Daniel Alegría, que começou Vamos em 2012, com dois amigos, graças à ajuda de pessoas próximas.
Sem falar alemão, este sueco de 26 anos de origem chilena está tentando conseguir um milhão de euros para desenvolver seu aplicativo, que integra acontecimentos na cidade e contratar a "três ou quatro pessoas".
Para atrair esses empresários iniciantes, Berlim oferece criatividade e uma vida universitária e artística ativa. É a única coisa que pode oferecer, porque não tem dinheiro.
Contudo, a prefeitura conta com grandes grupos que buscam uma ideia genial para acolher sob sua ala de jovens promissores.
A Microsoft deve abrir em meados de novembro uma start-up no último andar de suas novas instalações que dão para a célebre avenida Unter den Linden.
A Deutsche Telekom tem sua própria incubadora, hub:raum, os grupos Axel Springer e Otto investiram no Project A, que se inspira de Rocket Internet, o desenvolvedor da empresa de sucesso dos irmãos Samwer, que permitiu o surgimento das empresas Zalando (loja online) ou eDarling (portal de encontros).
"Nesses tempos de crise, não se trata apenas de start-ups e empreendedorismo", disse Marc Samwer na abertura do congresso de start-ups TechCrunch Disrupt, que escolheu Berlim e um velho hangar industrial nas margens do rio Spree para sua primeira versão europeia.
A espinhosa questão do financiamento continua sendo o principal freio à ambição de Berlim nas start-ups, assim como o receio dos estudantes em se transformar em empresários e as dificuldades administrativas.
Segundo Jens Begemann, desenvolvedor dos jogos Wooga, visitado pela chanceler Angela Merkel na primavera (do hemisfério norte) anterior, o pior é encontrar investidores para poder passar a uma fase superior de crescimento.
O governo teve a ideia de criar uma bolsa dedicada às start-up, mas as negociações atuais entre social-democratas e conservadores para formar uma coalizão ainda não focaram em nada concreto.