Pelo menos 18 pessoas, incluindo quatro integrantes de uma família brasileira, morreram na ilha da Sardenha em inundações provocadas por uma tempestade que as autoridades consideraram excepcional que também deixou 2.700 desabrigados.
Os quatro integrantes de uma família brasileira, dois adultos com idades por volta de 40 anos e seus filhos, de 16 e 20 anos, morreram afogados em um apartamento situado no subsolo de um prédio na entrada da cidade de Arzachena, perto de Olbia.
O presidente da região, Ugo Cappellacci, confirmou o balanço de 17 mortos e disse que ainda há desaparecidos, mas sem divulgar um número concreto.
Milhares de pessoas tiveram que abandonar suas residências pela tempestade e 2.700 estão desabrigadas, segundo as autoridades.
Alguns especialistas chamam o fenômeno de "ciclone Mediterrâneo", que provocou a cheia de rios, o desabamento de pontes e inundações de várias ruas.
O exército foi enviado à região e o governador desbloqueou 20 milhões de euros para a ajuda de emergência.
"Estamos salvando vidas, ajudando os desabrigados e reparando estradas para acessar as áreas mais afastadas", anunciou o primeiro-ministro Enrico Letta, após uma reunião urgente com os ministros.
O governo declarou estado de emergência na ilha, entre as mais turísticas da Itália, conhecida pelas belas praias, mas afetada pela crise econômica e o aumento do desemprego.
Os serviços de resgate tentavam alcançar as zonas rurais ou montanhosas, de difícil acesso após deslizamentos de terra e desabamentos de pontes. Os bombeiros realizaram mais de 600 intervenções em toda a ilha.
"É um evento extraordinário, um drama incrível", disse Letta.
A cidade portuária de Olbia (norte) ficou quase totalmente inundada e centenas de moradores foram obrigados a abandonar suas casas. Eles foram levados para abrigos provisórios em centros esportivos ou foram recebidos por outros habitantes, que criaram no Facebook a página "Abramos nossas casas para nossos concidadãos".
A intensidade da chuva surpreendeu os moradores.
"Caíram 440 mm de chuva, o equivalente a seis meses em condições normais. Foi um acontecimento excepcional", disse Franco Gabrielli, secretário da Defesa Civil.
Um porta-voz do organismo destacou que a Defesa Civil "não fala de ciclone, termo utilizado apenas pela imprensa".
"A tempestade afetou quase 20.000 pessoas, mas a fase de emergência mais aguda já passou", afirmou à AFP Gianfranco Galaffu, diretor de Defesa Civil da prefeitura de Sassari, que supervisiona a região de Olbia.
Mas ele disse temer que outras vítimas tenham ficado presas em seus veículos em áreas baixas.
Além da família brasileira, três pessoas da mesma família morreram no desabamento de uma ponte sobre o veículo em que viajavam em Olbia. Além disso, mãe e filha foram encontradas mortas em um carro que foi arrastado pela força da água na mesma cidade.
Um policial que escoltava uma ambulância morreu em um acidente rodoviário.
Entre as vítimas também está uma mulher de 64 anos que morreu afogada em sua casa em Uras, sudoeste da ilha, onde centenas de moradores passaram a noite em um centro esportivo.
Um homem faleceu no desabamento de outra ponte e uma idosa de 90 anos foi encontrada morta em uma casa inundada perto de Nuoro, no centro da ilha.
As chuvas intensas e as inundações provocaram importantes danos materiais.
"Estamos enviando produtos de primeira necessidade aos desabrigados e tentamos restabelecer a energia elétrica e bombear água para liberar as estradas e as zonas inundadas", disse Cappellacci.
O tempo ruim atingiu nesta terça-feira o restante da península. Em Calabria, ao sul, 150 habitantes foram retirados de casa e em Nápoles o serviço de balsas foi suspenso. Em Veneza, o fenômeno da "acqua alta" alcançou 1,24 metro de altura sobre o nível do mar.