Blindados da polícia egípcia entraram na noite desta terça-feira na Praça Tahrir, no Cairo, onde confrontos entre manifestantes pró e antimilitares deixaram 16 feridos no dia do segundo aniversário dos protestos contra o Exército, reprimidos com violência.
Estes são os primeiros confrontos violentos que não envolvem islamitas desde que o Exército destituiu e prendeu o presidente Mohamed Mursi, em 3 de julho.
Também é a primeira repressão violenta dos militares a uma manifestação de seus partidários.
Centenas de manifestantes, convocados por movimentos laicos, se reuniram na Praça Tahrir para comemorar o 19 de novembro de 2011, primeiro dia de uma semana sangrenta durante a qual quarenta manifestantes, hostis ao poder interino do Exército após a saída de Mubarak, foram mortos pelas forças de ordem nas imediações da praça, em pleno centro da capital.
Na segunda-feira, o governo de transição, nomeado pelo exército em 3 de julho após a destituição e prisão de Mursi, inaugurou com grande alarde um "Memorial dos mártires" na Praça Tahrir.
Nesta terça, os manifestantes em Tahrir responderam a um apelo dos movimentos da juventude hostis ao exército e aos islamitas, e que consideram o Memorial erguido por um governo dirigido de fato pelos militares um "insulto" à memória dos mártires.
Desde segunda-feira à noite, eles cobriram o memorial com pichações e tinta vermelha simbolizando o sangue das pessoas mortas.
Já os partidários de Mursi, primeiro presidente democraticamente eleito do Egito, alvos da repressão sangrenta desde a sua destituição, não organizaram manifestações para esta terça, como o fazem todos os dias desde o golpe militar.