Ao menos uma pessoa morreu nesta terça-feira durante a operação da polícia para dispersar manifestantes que ocupavam a Praça Tahrir, no centro do Cairo, informou o ministério da Saúde.
A polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes, que lembravam o aniversário das sangrentas manifestações de 2011, nas quais 43 pessoas perderam a vida.
A vítima fatal desta terça-feira, um homem, foi atingido por disparos durante os confrontos, disse à AFP o responsável dos serviços de urgência Ahmed al Ansary.
O responsável informou ainda que 16 pessoas ficaram feridas, entre elas um homem atingido por um tiro de cartucho no olho.
Os confrontos ocorreram na região da sede da Liga Árabe, situada em uma das esquinas da emblemática praça.
Centenas de manifestantes, convocados por movimentos laicos, se reuniram na Tahrir para comemorar o 19 de novembro de 2011, primeiro dia de uma semana sangrenta durante a qual mais de quarenta manifestantes, hostis ao poder interino do Exército após a saída de Mubarak, foram mortos pelas forças de ordem nas imediações da praça, em pleno centro da capital.
Na segunda-feira, o governo de transição, nomeado pelo exército em 3 de julho após a destituição e prisão de Mursi, inaugurou com grande alarde um "Memorial dos mártires" na Praça Tahrir.
Nesta terça, os manifestantes em Tahrir responderam a um apelo dos movimentos da juventude hostis ao exército e aos islamitas, e que consideram o Memorial erguido por um governo dirigido de fato pelos militares um "insulto" à memória dos mártires.
Desde segunda-feira à noite, eles cobriram o memorial com pichações e tinta vermelha simbolizando o sangue das pessoas mortas.
Já os partidários de Mursi, primeiro presidente democraticamente eleito do Egito, alvos da repressão sangrenta desde a sua destituição, não organizaram manifestações para esta terça, como o fazem todos os dias desde o golpe militar.