Pelo menos 10 soldados foram mortos nesta quarta-feira na explosão de um carro-bomba no Sinai egípcio, onde os ataques contra as forças de segurança aumentaram desde que o exército depôs em julho o presidente islamita Mohamed Mursi.
Desde então, dezenas de policiais e soldados foram mortos em ataques no Sinai, península próxima a Israel e a Gaza atormentada há anos por grupos jihadistas armados e tribos beduínas hostis ao governo central.
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Em 5 de setembro, no Cairo, um suicida detonou seu carro-bomba na passagem de um comboio do ministro do Interior - acusado pelos islamitas de orquestrar o massacre de 14 de agosto. O ministro Mohamed Ibrahim saiu ileso do ataque.
Os ataques mais recentes no Sinai e Cairo foram reivindicados por grupos ligados à Al-Qaeda em represália ao golpe militar e à repressão que se abateu sobre os partidários de Mursi.
Embora os ataques sejam geralmente reivindicados por grupos jihadistas, sendo o principal deles o Ansar al-Beit Maqdess, que prometeu lealdade à Al-Qaeda, o governo prontamente atribuiu os atos aos "terroristas" da Irmandade Muçulmana.
Esta influente confraria, à qual pertence Mursi, venceu as eleições parlamentares organizadas no final de 2011, poucos meses após uma revolta popular que derrubou o presidente Hosni Mubarak.
As autoridades também prenderam mais de 2.000 membros da Irmandade Muçulmana desde 14 de agosto, incluindo a grande maioria de seus líderes, que são julgados, assim como Mursi, por "incitação ao assassinato" de manifestantes quando estavam no poder. Mursi é o primeiro presidente eleito democraticamente no Egito.
O governo interino nomeado em 3 de julho pelo líder de fato do país, o general Abdel Fattah al-Sissi, vice-primeiro-ministro, ministro da Defesa e comandante-em-chefe do exército, justificou o golpe contra Mursi pelas manifestações de milhões de egípcios que foram às ruas em 30 de junho para exigir sua saída, acusando-o de monopolizar o poder em favor da Irmandade Muçulmana e de quer islamizar a sociedade.
Em 3 de julho, o general Sissi prometeu uma nova constituição e a realização de eleições parlamentares e presidenciais no primeiro semestre de 2014. Mas na terça-feira, pela primeira vez desde julho, protestos de manifestantes não-islâmicos, mas hostis aos militares, se voltaram contra o novo governo.
Os protestos na emblemática Praça Tahrir degeneraram em confrontos entre opositores e partidários do exército. Pelo menos uma pessoa morreu e 16 ficaram feridas na praça, epicentro da revolta de 2011 contra Mubarak. A polícia enviou tanques para dispersar os manifestantes durante a noite.