O Egito expulsou neste sábado o embaixador da Turquia, após as declarações do primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan condenando a repressão dos islamitas pelas novas autoridades egípcias, anunciou o Ministério das Relações Exteriores. Além disso, o embaixador egípcio, chamado em 15 de agosto para retornar ao Cairo, não voltará para Ancara, e o nível da missão diplomática egípcia na Turquia será reduzido a apenas um encarregado, segundo o ministério. A Turquia prometeu medidas de reciprocidade após esta expulsão.
As manifestantes acusavam Mursi de querer islamizar a sociedade e concentrar o poder em favor da Irmandade Muçulmana, à qual pertence. O embaixador turco Huseyin Avni Botsali foi convocado neste sábado a comparecer no Ministério egípcio das Relações Exteriores, onde foi informado que é "persona non grata" no país, indicou à AFP Badr Abdelaty, porta-voz do ministério.
Esta decisão foi tomada devido às declarações de Erdogan que "constituem uma ingerência inaceitável nos assuntos internos do Egito e são uma provocação", acrescentou. Erdogan, um islamo-conservador próximo de Mursi e da Irmandade Muçulmana, criticou a repressão sangrenta pelas novas autoridades dos partidários do presidente destituído e a perseguição sofrida pelos membros da Irmandade Muçulmana.
Desde o dia 15 de agosto, o dia após a dispersão sangrenta de manifestações pró-Mursi no Cairo, mais de mil pessoas foram mortas. Erdogan condenou os "massacres de manifestantes pacíficos". No mesmo dia, os dois países anunciaram a convocação de seus embaixadores para consultas. O embaixador turco retornou ao Cairo no início de setembro, mas o embaixador egípcio nunca mais voltou a Ancara.
Ancara e Cairo também cancelaram manobras navais conjuntas previstas para outubro.