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Mundo recorda o legado de Nelson Mandela, fonte de inspiração universal

AFP
Palestino mostra foto de Mandela ao lado de Yasser Arafat para soldado israelense na Faixa de Gaza - Foto: AFP PHOTO/ABBAS MOMANI
O mundo lamenta nesta sexta-feira a morte de Nelson Mandela, uma das personalidades mais importantes do século XX, uma fonte de inspiração universal por seus valores de perdão e reconciliação.
Mandla Mandela, o mais velho dos netos de Nelson Mandela, agradeceu nesta sexta-feira em nome da família aos sul-africanos e ao mundo inteiro pelas mensagens de apoio.

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"Agradeço profundamente o apoio nacional e internacional que nossa família tem recebido durante os prolongados problemas de saúde de Madiba. Em nossa família, reconhecemos que Madiba não pertence apenas a nós, pertence ao mundo inteiro", afirma um comunicado de Mandla, que cita o nome do clã do avô, utilizado carinhosamente pela maioria dos sul-africanos.

"As mensagens que recebemos desde a noite de ontem nos animam", completou o neto de Mandela. O presidente sul-africano, Jacob Zuma, anunciou na quinta-feira à noite a morte do primeiro presidente negro da África do Sul, aos 95 anos.

"Um herói da humanidade", afirma o jornal sul-africano The Star, segundo o qual Mandela era o ídolo de todo um povo por seu papel decisivo na luta contra o regime segregacionista do apartheid, que terminou em 1994.

"Madiba" faleceu em casa em consequência de uma infecção pulmonar pela qual permaneceu hospitalizado de junho a setembro.

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"Nosso querido Nelson Mandela, o presidente fundador de nossa nação democrática, nos deixou. Faleceu em paz, cercado por sua família às 20H50 (16H50 de Brasília). Nossa nação perdeu seu filho mais ilustre", declarou Zuma.

Os preparativos para o funeral de Estado do herói da África do Sul começaram nesta sexta-feira.

Vários chefes de Estado, incluindo o presidente americano Barack Obama e a presidente brasileira Dilma Rousseff, comparecerão ao funeral.

A data do sepultamento foi marcada a princípio para 21 de dezembro, mas algumas pessoas pedem a antecipação para o dia 16, data da Reconciliação na África do Sul, um feriado.


Sul-africanos homenageiam líder da luta contra o apartheid

O corpo de Mandela foi levado para um hospital militar de Pretória, onde deve acontecer a homenagem nacional e internacional antes do sepultamento em Qunu, vilarejo onde Madiba passou a infância e onde desejava ser enterrado.

Homenagem em Johannesburgo
Desde o anúncio da morte, centenas de pessoas seguiram para a casa de Mandela em Johannesburgo. O ambiente era de celebração, com cantos antiapartheid ou de homenagem a Madiba, em meio a gritos como "Viva Mandela!" ou "Longa vida a Mandela!".

Os moradores de Soweto, antigo gueto negro durante o apartheid onde Mandela morou e onde teve início a revolta contra a opressão dos negros, demonstraram gratidão.

"Aconteceu o inevitável. É um dia triste, mas podemos agradecer a Deus pelo trabalho de sua vida", disse Sebastián, um padre de 35 anos, diante da igreja católica Regina Mundi, também símbolo da luta antiapartheid.

"Ao longo de 24 anos (desde sua libertação), Madiba nos ensinou como viver juntos e a acreditar em nós mesmos e em cada um", declarou outro herói da luta antiapartheid, o arcebispo anglicano Desmond Tutu, considerado aos 82 anos a consciência moral do país.

"Uma inspiração para todo o mundo"
"Ele era uma inspiração para todo o mundo", afirmou Frederik de Klerk, último presidente branco da África do Sul, que libertou Mandela antes de negociar a transição democrática e dividir com ele o Prêmio Nobel da Paz de 1993.

Nelson Mandela, que completou 95 anos em 18 de julho, havia sido hospitalizado em quatro ocasiões desde dezembro de 2012, sempre por infecções pulmonares.

Os problemas estavam relacionados com as sequelas de uma tuberculose contraída durante o longo período em que passou na ilha-prisão de Robben Island, na costa de Cabo, onde passou 18 anos dos 27 de detenção nas prisões do regime racista do apartheid.

 

Mandela entra para a história por ter negociado com o governo do apartheid uma transição pacífica para uma democracia multirracial e por ter evitado uma guerra civil que, no início dos anos 1990, parecia praticamente inevitável.

Candidato do Congresso Nacional Africano (ANC) Mandela foi o primeiro presidente de consenso da nova nação do "arco-íris", entre 1994 e 1999.

"Sorriso nos lábios"

"Não duvido em nenhum momento que quando entrar na eternidade o farei com um sorriso", disse, feliz de observar o crescimento do país em paz, após décadas de segregação racial.

Nelson Rolihlahla Mandela nasceu em 18 de julho de 1918 no vilarejo de Mvezo, em Transkei (sudeste do país), no clã real dos Thembus, de etnia xhosa, mas rapidamente se mudou para a localidade vizinha de Qunu, onde passou, em suas próprias palavras, "os anos mais felizes", uma infância livre no campo, antes de iniciar os estudos.

Casado três vezes e pai de seis filhos - dois falecidos -, Mandela fundou a Liga da Juventude do ANC e assumiu rapidamente o comando do partido, que considerava muito frágil ante um regime que institucionalizou o apartheid em 1948.

Quando o ANC foi considerado ilegal, em 1960, Nelson Mandela passou à clandestinidade e foi detido em 1962. Dois anos depois foi condenado à prisão perpétua.

Afastado da vida pública desde 2010, Mandela se transformou em um herói mítico, intocável, respeitado tanto pelo governo quanto pela oposição. Seus compatriotas sempre lembrarão de seu sorriso largo e de seu carisma.

 

Veja o infográfico com a vida de Mandea - Foto: