Os Estados Unidos afirmaram neste sábado que a diplomacia com o Irã também tem que se apoiar no poderio militar, em uma tentativa de tranquilizar as monarquias do Golfo, preocupadas pelo acordo sobre o programa nuclear iraniano.
Em uma conferência em Manama sobre a segurança regional, o secretário de Defesa americano, Chuck Hagel, também declarou que os Estados Unidos manterão sua presença militar de 35.000 efetivos na região, apesar do acordo temporário concluído no dia 24 de novembro entre o Irã e as grandes potências.
Hagel declarou que este acordo com o Irã era um risco que valia a pena correr, e advertiu que a diplomacia dos países ocidentais não deve mal-interpretada.
"Sabemos que a diplomacia não pode funcionar no vazio (...) Nossos êxitos seguirão dependendo do poderio militar dos Estados Unidos e da credibilidade de nossas promessas a nossos aliados e sócios no Oriente Médio", disse Hagel.
Os Estados Unidos "possuem mais de 35.000 homens" no Golfo e em seus arredores e "não têm a intenção de reconsiderar este número", afirmou.
Hagel, que posteriormente viajou a Cabul, enumerou as armas e os recursos que seu país manterá na região.
"Contamos com uma presença terrestre, aérea e naval de mais de 35.000 militares no Golfo e em seus arredores imediatos", disse.
Especificou que estas forças estão integradas por 10.000 soldados com tanques e helicópteros Apache, 40 navios e um porta-aviões, sistemas de defesa de mísseis, radares, drones de vigilância e aviões militares.
"Mobilizamos nossos aviões militares mais modernos na região, sobretudo os F-22, para garantir que possamos responder rapidamente a qualquer eventualidade", declarou o chefe do Pentágono.
"Se somarmos nossas munições únicas, nenhum alvo está fora de nosso alcance", acrescentou, referindo-se provavelmente aos "bunker buster", bombas concebidas para alcançar alvos enterrados a grande profundidade.
Não haverá retirada americana
Segundo um funcionário do Pentágono, Hagel enviou uma mensagem de solidariedade aos aliados dos Estados Unidos no Golfo e advertiu os que especulam sobre uma retirada americana de que estão equivocados.
Os aliados do Golfo, sobretudo a Arábia Saudita, estão preocupados pelo acordo de Genebra, que limita durante seis meses as atividades nucleares do Irã em troca de um relaxamento parcial das sanções ocidentais, que asfixiam a economia iraniana. Este deve levar a um acordo global em um ano.
As relações são tensas entre os Estados Unidos e a maioria das monarquias sunitas do Golfo, que mantêm uma rivalidade com seu vizinho iraniano xiita.
Além disso, a reticência dos Estados Unidos em intervir na Síria contra o regime do presidente Bashar al-Assad, apoiado pelo Irã, as pressões orçamentárias e o reequilíbrio da política americana em relação à Ásia reforçaram o temor das monarquias do Golfo.
Hagel reconheceu estas preocupações, mas garantiu que Washington "seguirá completamente comprometido com a segurança de seus aliados e de seus sócios na região".
O secretário de Defesa também destacou a solidez das relações militares com as monarquias do Golfo, que, segundo ele, compraram armas americanas no valor de mais de 75 bilhões de dólares desde 2007.