O ex-consultor da inteligência americana Edward Snowden espera que os vazamentos de documentos classificados realizados por ele levem os governos a uma maior transparência, declarou em uma entrevista à revista Time publicada nesta quarta-feira.
O fugitivo Snowden, segundo atrás do papa Francisco na lista de pessoas do ano da Time, declarou à revista que escolheu desafiar suas obrigações quando soube do alcance dos programas de vigilância secreta.
"O que mais nos preocupa não é que esta vigilância possa ocorrer teoricamente, mas que foi feita sem que a maioria da sociedade nem mesmo fosse consciente de que ela era possível", declarou à Time em uma entrevista por e-mail.
Snowden, que está vivendo na Rússia depois de ter recebido asilo temporário, deu poucas entrevistas desde que vazou uma valiosa coleção de documentos secretos da Agência de Segurança Nacional americana (NSA, em inglês).
O ex-analista declarou ter assumido o risco de tornar públicos estes dados pelo perigo que viu em um estado de vigilância.
"A NSA, é claro, não é a Stasi", afirmou Snowden em referência ao órgão de inteligência da antiga Alemanha Oriental (RDA) que espionou grande parte de sua população com fins políticos.
Mas afirmou que o perigo é que os meios tecnológicos a serviço das agências de espionagem conduzam a uma vigilância generalizada.
Snowden declarou à revista que espera que suas revelações ajudem a trazer mudanças obrigando o público, a comunidade tecnológica, a justiça, o Congresso e o braço executivo americano a repensarem a situação.
"O presidente pode utilizar de maneira plausível o mandato de conhecimento público para reformar estes programas a padrões razoáveis" com o objetivo de assegurar que a NSA não vigie simples cidadãos e que outros governos também não o façam.