O presidente irlandês, Michael D. Higgins, disse ter sentido uma "grande tristeza" com o anúncio da morte do ator. "A Irlanda e o mundo perderam um dos gigantes do cinema e do teatro", escreveu em um comunicado.
O premier britânico, David Cameron, disse, referindo-se ao ator, que "sua atuação no meu filme favorito, 'Lawrence de Arábia', foi impressionante".
A filha do ator, Kate O'Toole, disse que a família estava "totalmente inundada pela efusão de verdadeiro amor e afeto".
O ator e diretor Stephen Fry qualificou a morte de O'Toole como uma "notícia terrível". "Tive a honra de dirigi-lo em cena".
Filho de um corretor de apostas irlandês, Peter O'Toole nasceu em Connemara, Irlanda, em 2 de agosto de 1932 e foi criado no norte da Inglaterra.
Após ter trabalhado brevemente como jornalista de rádio para a Marinha Real, ele estudou na respeitada Academia Real de Arte Dramática, ao lado de Albert Finney, Alan Bates e de Richard Harris, que também se tornariam atores famosos.
Ele tinha 17 anos na primeira vez em que subiu em um palco em Londres para interpretar dramas de Shakespeare e depois fez sua estreia em Hollywood sob a direção de David Lean, em "Lawrence da Arábia", que lhe rendeu a primeira indicação ao prêmio da Academia.
Além desta, ele também foi indicado pela atuação em "Becket, o Favorito do Rei" (1964), "O Leão no Inverno" (1968), co-estrelado por Katherine Hepburn, "A Classe Governante" (1972), "O Substituto" (1980), "Um Cara Muito Baratinado" (1982), "Calígula" (1979), "O Último Imperador" (1987) e "Vênus" (2006).
Incrivelmente belo com seus penetrantes olhos azuis, cabelos loiros e trajes árabes esvoaçantes, O'Toole arrebatou plateias no papel do protagonista do longa, o galante oficial do Exército britânico T.E. Lawrence.
"A voz dele tinha um estalo, como se fosse um chicote", escreveu seu amigo e futuro colega de cena Richard Burton. "Mais importante que isso, era impossível tirar os olhos dele", prosseguiu.
Nos últimos anos, o ator foi aclamado pela interpretação no teatro e na TV de "Jeffrey Bernard is Unwell", sobre a vida de um jornalista britânico alcoólatra.
Em julho de 2012, então com 79 anos, o astro havia anunciado sua aposentadoria.
"O sentido disto (atuar) acabou para mim e não vai voltar", afirmou na ocasião. "Eu me despeço da profissão profundamente agradecido e sem lágrimas nos olhos", continuou.
Embora o motivo de sua morte não tenha sido anunciado ainda, nos anos 1970, o ator teve que parar de beber depois de um câncer que quase lhe custou a vida e exigiu a remoção parcial de seu estômago e pâncreas.
Tanto O'Toole quanto Burton admitiam alegremente que estavam embriagados em grande parte das filmagens de "Becket", algo que não era incomum na época dos 'enfant terribles' de Hollywood.
Eles eram notórios pelas noites loucas com outros atores chegados a uns drinks. O'Toole chegou a contar que uma vez ele foi beber em Paris e acordou na Córsega.
Em uma memorável aparição no talk-show do apresentador David Letterman, o astro entrou no palco, desgrenhado, mas bem vestido, montado em um camelo.
"Perdoe-me, mas meu valoroso transporte está um pouco sedento", disse, com a voz alterada, ao desmontar, e serviu cerveja ao animal.
"Eu não me arrependo de nenhuma gota", disse O'Toole uma ocasião sobre sua queda para bebidas em uma entrevista publicada em 2007 pelo jornal The Guardian.
"Éramos pessoas jovens que foram crianças durante a guerra. Bem, você pode imaginar o que foi se sentir livre em 1945: não ser bombardeado, não ter comida racionada, não ter restrições", declarou.
"Havia um grande entusiasmo. Não éramos bebedores solitários, entediados, bebendo vodka sozinhos em um quarto. Não, não, não. Nós saíamos pela cidade, meu bem, e bebíamos em público!", continuou.
Mas as noitadas lhe custaram o casamento. Ele teve duas filhas, fruto do casamento com a atriz galesa Sian Phillips, mas o casal se divorciou em 1979, após 20 anos de um relacionamento turbulento. Em 1983, o ator teve um outro filho com a modelo Karen Brown.