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Relembre a vida de Ronald Biggs, o superladrão que virou atração no Brasil

A lenda de Biggs, nascido em Londres em 1929, começou na madrugada de 8 de agosto de 1963. Naquele dia, quando completava 34 anos, protagonizou, com outros 14 cúmplices, o audacioso assalto ao trem pagador Glasgow-Londres


18/12/2013 10:31 - atualizado 18/12/2013 14:46

No momento da morte, Biggs recebia atendimento médico, depois de ter sofrido vários problemas graves de saúde nos últimos anos
No momento da morte, Biggs recebia atendimento médico, depois de ter sofrido vários problemas graves de saúde nos últimos anos (foto: AFP PHOTO/ FILES )

O britânico Ronald Biggs, falecido em Londres nseta quarta-feira, aos 84 anos, se tornou famoso graças ao "roubo do século XX", e também pelos 36 anos que passou foragido, boa parte deles no Brasil, em um jogo de gato e rato com as autoridades de seu país. A lenda de Biggs, nascido em Londres em 1929, começou na madrugada de 8 de agosto de 1963. Naquele dia, quando completava 34 anos, protagonizou, com outros 14 cúmplices, o audacioso assalto ao trem pagador Glasgow-Londres, que entrou para a história como o "roubo do século XX".

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Os criminosos se apoderaram de 120 sacos com dinheiro em espécie e dividiram um valor sem precedentes de 2,6 milhões de libras, que hoje equivaleria a 75 milhões de dólares. Detido um mês mais tarde e condenado a 30 anos de prisão, Biggs fugiu 15 meses depois pulando o muro com uma corda e saltando sobre um caminhão que abriu as portas para sua nova vida. Após uma primeira etapa na França, onde se submeteu a uma cirurgia estética, permaneceu uma temporada na Espanha e outra na Austrália, antes de chegar ao Brasil em 1970, passando por Panamá, Argentina e Bolívia.

(foto: Soraiva Piva )
Como o Brasil não tinha nenhum acordo de extradição com a Grã-Bretanha, Biggs se instalou com sua primeira esposa e seus dois filhos no Rio de Janeiro, onde viveu com o que restava do saque e do que foi conquistado graças a sua notoriedade. A julgar por sua autobiografia, "The Odd Man Out", publicada em 1994, por suas declarações e pelas fotos nas quais aparecia frequentemente acompanhado de belas mulheres, viveu grandes momentos.


Mas também passou por sobressaltos. Quatro anos depois de sua chegada ao Rio, em 1974, um policial encontrou seu rasto e ameaçou colocar fim ao seu exílio dourado. A operação, no entanto, foi frustrada depois que foi divulgado que sua namorada, uma dançarina de striptease chamada Raimunda, com quem anos depois - em uma prisão britânica em 2002 - se casaria pela segunda vez, estava grávida de seu terceiro filho, Michael. Este feliz acontecimento garantiu a Biggs a imunidade e evitou sua extradição ao Reino Unido. "Achava que teria uma vida tranquila no Rio, mas estava muito enganado", declarou na época no Brasil, onde sua casa no bairro de Santa Teresa se converteu rapidamente em uma atração turística.


Em 1981, Biggs foi sequestrado por um grupo de mercenários e apareceu em um iate em Barbados, mas seus advogados conseguiram que a Justiça da ilha caribenha o devolvesse ao Brasil alegando uma falha no processo. Quando os britânicos voltaram a pressionar em 1997, após a assinatura de um tratado entre os dois países, o Supremo Tribunal Federal decidiu na época que, para ele, o caso havia prescrito.

Durante seus anos no Rio, Biggs foi muito ativo: montou um restaurante e um site, no qual vendia fotos, camisetas e outras lembranças. Também escreveu sua autobiografia e um romance, participou de anúncios publicitários - um deles de roupa íntima feminina no qual aparecia envolvido em uma bandeira britânica cercado de belas jovens - e até cantou com os Sex Pistols a música "No One is Innocent".

Mas, em 2001, arruinado, cansado e doente, pediu voluntariamente para voltar à Grã-Bretanha para cumprir sua pena e foi detido. Em 2009, sofrendo de uma grave pneumonia, recuperou a liberdade.


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