A Índia nomeou para as Nações Unidas uma diplomata detida na semana passada pela Polícia de Nova York, para garantir imunidade diplomática completa a ela, em meio a uma crise bilateral.
Devyani Kobragade, consulesa-geral adjunta, foi detida no dia 12 de dezembro em Nova York. Ela disse ter se sentido humilhada por ter sido submetida a uma revista íntima e algemada pela polícia, provocando a indignação das autoridades indianas.
O ministro indiano das Relações Exteriores, Salman Khurshid, disse nesta quarta no Parlamento que o seu dever "é trazer de volta a senhora".
"Temos de restaurar sua dignidade e o farei a qualquer preço", enfatizou Khurshid, depois que um jornal pediu que o governo de Nova Délhi "enfrente o Tio Sam".
As autoridades americanas admitiram na terça-feira que a consulesa-geral adjunta indiana Devyani Khobragade tinha sido tratada como qualquer detido e revistada, depois de ter sido detida na semana passada por ter supostamente mentido no pedido de visto para uma mulher de nacionalidade também indiana que trabalhava para ela como empregada doméstica.
A diplomata também é acusada de pagar pouco a sua funcionária. Ela foi presa em 12 de dezembro, quando deixava sua filha no colégio, e liberada horas depois.
"Tenho de admitir que chorei várias vezes à medida que me senti reiteradamente humilhada ao ser revistada em nível das cavidades corporais, em meio a criminosos e drogados (...) apesar de reivindicar sem cessar minha imunidade diplomática", relatou Khobragade.
Na terça, a Índia decidiu adotar represálias contra os Estados Unidos pela detenção da diplomata.
"Ordenamos a retirada das credenciais emitidas pelo ministério das Relações Exteriores para os funcionários das representações americanas na Índia", declarou à AFP uma fonte da chancelaria.
Vários dirigentes políticos indianos declararam que tinham rejeitado um encontro com uma delegação do Congresso dos Estados Unidos que está de visita à Índia para protestar contra a detenção de uma de suas diplomatas em Nova York.
Narendra Modi, candidato ao cargo de primeiro-ministro do partido nacionalista hindu, o Bharatiya Janata Party (BJP), nas eleições legislativas previstas para maio de 2014, comunicou sua rejeição em se reunir com a delegação americana.
A presidente da câmara dos deputados, Meira Kumar, também cancelou um encontro previsto com quatro congressistas americanos, indicou à AFP um alto funcionário do Parlamento, U. S. Saxena.
"A razão do cancelamento desse encontro é o tratamento dado a nossa diplomata em Nova York", acrescentou.
Na sexta-feira passada, a Índia convocou a embaixadora americana em Nova York, Nancy Powell, também para protestar contra a detenção de sua diplomata.