Jornal Estado de Minas

Fidel fala sobre Mandela e elogia postura de irmão

Aperto de mãos entre os dois líderes elevou as especulações nos EUA e em Cuba sobre se o gesto foi um sinal de que a tensão nas relações entre os dois países diminuiu após décadas de animosidade

Agência Estado
- Foto: Reuters/SABC Fidel Castro revelou parte do mistério que circundou o aperto de mão de Barack Obama e Raul Castro no funeral de Nelson Mandela. Fidel disse que seu irmão Raul se dirigiu a Obama em inglês e disse: "senhor presidente, eu sou Castro." O aperto de mãos entre os dois líderes elevou as especulações nos EUA e em Cuba sobre se o gesto foi um sinal de que a tensão nas relações entre os dois países diminuiu após décadas de animosidade. Autoridades em Cuba e nos EUA desmentiram os boatos e afirmaram que o aperto de mãos foi mera cortesia. Em uma longa reflexão sobre Mandela divulgada pela mídia estatal nesta quinta-feira, Fidel Castro parabenizou seu irmão, que assumiu a liderança de Cuba em 2006, pela sua "firmeza e dignidade, quando, com um gesto amigo, mas firme, se apresentou ao líder do governo dos EUA e disse a ele em inglês, 'senhor presidente, eu sou Castro'". Em seu artigo, Castro fez uma extensa análise da história da África, do impacto do Apartheid, das lutas para a libertação do julgo colonial, das pressões dos EUA e outras nações, mas também do papel que Cuba teve em todo esse processo. Havana enviou armas e soldados para lutar em vários países africanos e apoiou ativamente os movimentos de libertação e de combate ao racismo, uma posição que manteve em conjunto com a União Soviética e que resultou em outro enfrentamento com os EUA nos anos 80. Cuba e os EUA romperam relações e se enfrentaram nos anos 60, logo após a vitória da revolução cubana e as pressões de Washington para tentar mudar o sistema político na ilha. A foto, que na semana passada virou motivos de especulações, mostra Obama em um forte aperto de mãos com Raúl Castro, durante funeral de Mandela no dia 10 de dezembro. O líder sul-africano viajou a Cuba nos anos 90, quando a ilha atravessava a pior crise de sua história, após a queda dos aliados soviéticos e expressou seu apoio a Castro, a quem agradeceu por seu trabalho na África. As declarações de Mandela renderam a ele a animosidade de grupos anticastristas na Flórida. "O papel da delegação de Cuba, por ocasião da morte de nosso irmão e amigo Nelson Mandela, será inesquecível", escreveu Castro no Granma. Retirado do poder de maneira surpreendente em 2006 por motivo por causa de problemas de saúde que o deixaram à beira da morte, Fidel Castro delegou o poder a seu irmão Raúl, que logo foi reeleito pelo Parlamento cubano. Desde então, Fidel Castro, mostra suas posições por meio de seus escritos, aparece pouco em público, recebe amigos e personalidades em sua casa e a cada certo tempo sua saúde vira motivo de especulações. Desta vez, o fato de Fidel não ter feito comentários sobre a morte de Mandela gerou rumores que foram debelados após ter sido distribuída uma foto na semana passada em que ele aparece ao lado do jornalista espanhol Ignacio Ramonet