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Estado de Minas

Programa secreto da CIA ajudou Colômbia a eliminar líderes das Farc

Reportagem especial do "The Washington Post" revela ajuda importante da Agência Nacional de Segurança (NSA) e "orçamento multimilionário" de caráter secreto


postado em 22/12/2013 15:46 / atualizado em 22/12/2013 16:18

Um programa secreto da CIA ajudou o governo da Colômbia a eliminar líderes das Farc na última década, incluindo Raúl Reyes no Equador, publicou neste domingo o jornal "The Washington Post". Segundo o jornal, o programa inclui uma ajuda importante da Agência Nacional de Segurança (NSA), e se apoia em um "orçamento multimilionário" e de caráter secreto, que não faz parte do Plano Colômbia.

O programa, ainda em curso, foi implementado com a autorização do presidente George W. Bush (2001-2009) no começo de seu governo, e mantido pelo atual presidente, Barack Obama, afirma o jornal, citando fontes sigilosas colombianas e americanas. Desde o começo, o papel dos Estados Unidos no programa secreto era proporcionar inteligência para localizar líderes das Farc. A partir de 2006, o país ofereceu um sistema de rastreamento por GPS, ao custo de 30 mil dólares por unidade, para transformar munições normais em bombas de alta precisão.

O conjunto de dados da inteligência e bombas guiadas por GPS permitiu, em 2008, à Força Aérea colombiana localizar e eliminar o líder das Farc Raúl Reyes em território equatoriano, o que gerou a pior crise diplomática entre os dois países sul-americanos em mais de uma década. O Washington Post lembra que, em 2006, a Colômbia recebia o terceiro maior pacote de ajuda militar americana, atrás de Egito e Israel, mas o programa secreto deu um salto qualitativo quando passou a incluir o dispositivo de GPS em bombas 500 libras.

Foi uma bomba 500 libras com GPS que permitiu a eliminação de Abu Musab al-Zarqawi no Iraque. Segundo o jornal, o então presidente colombiano, Álvaro Uribe, pediu, reservadamente, a Bush que a Colômbia recebesse esta capacidade de combate. Peritos americanos e colombianos tentaram, inicialmente, adaptar aviões de fabricação brasileira Super Tucano para carregar as bombas, mas acabaram optando por modelos Cessna A-37 Dragonfly.

Militares americanos, no entanto, mantiveram ocultas dos colegas colombianos as chaves de encriptação que permitiam comunicar o sistema de orientação das bombas com os cérebros eletrônicos guiados por GPS. Em 2007, operações realizadas com o novo sistema de bombas inteligentes produziram a morte de dois líderes das Farc: primeiramente Tomás Medina, ou "Negro Acacio", e, seis semanas depois, Gustavo Rueda, ou "Martín Caballero", segundo o jornal. Em 2008, a CIA localizou Reyes em um acampamento no Equador, a uma milha da fronteira com a Colômbia.

"Foi uma descoberta desconfortável para a Colômbia e os Estados Unidos. Realizar um ataque significaria que pilotos colombianos, em aviões colombianos, destruiriam um acampamento com bombas fabricadas nos Estados Unidos e um cérebro eletrônico controlado pela CIA", assinala o jornal. Em 2010, especialistas da CIA repassaram à Força Aérea colombiana os códigos de encriptação das bombas inteligentes.


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