O funeral do ladrão mais conhecido do grupo que assaltou o trem pagador Glasgow-Londres, o britânico Ronald Biggs, aconteceu nesta sexta-feira em Londres, onde o caixão foi coberto com as bandeiras brasileira e britânica antes de ser cremado. Biggs morreu no último 18 de dezembro, aos 84 anos, no retiro para idosos no norte de Londres onde morava. O mito em torno dele foi reforçado com uma fuga de 36 anos que o levou ao Brasil.
Em memória a sua irreverência, uma coroa de flores mostrando um sinal obsceno com o dedo foi colocada atrás do carro que transportava o caixão de Biggs. O gesto de insulto foi feito pelo ladrão durante o funeral de Bruce Reynolds, seu parceiro no assalto do trem pagador, em março de 2013.
O caixão de Biggs estava coberto pelas bandeiras britânica e brasileira, por seu chapéu e um cachecol vermelho e branco do seu time de futebol preferido, o Charlton Athletic. O cortejo fúnebre seguiu para o crematório de Golders Green (norte de Londres) escoltado por motoqueiros do grupo Hell's Angels.O filho de Biggs, Michael, lembrou como o pai "adotou a cultura" do Rio de Janeiro e amava festejar. "Vamos comemorar sua vida comendo um belo cozido mais tarde", convidou Michael. A cerimônia contou com a presença de dois antigos gangsteres, Freddie Foreman e Dave Courtney.
Charles Bronson, célebre criminoso britânico, enviou da prisão um buquê a Biggs.Na madrugada do dia 8 de agosto de 1963, o condutor de um trem pagador que realizava o percurso entre a cidade escocesa de Glasgow e a estação londrina de Euston parou em um ponto isolado na altura de Ledburn, a noroeste de Londres.
Os assaltantes agrediram o condutor, desengancharam a locomotiva e os dois primeiros vagões e, em seguida, descarregaram 120 sacos que continham 2,5 toneladas de dinheiro em espécie. Tudo isso sem que os funcionários que estavam nos outros vagões percebessem o golpe. Resultado do saque: o equivalente a 54 milhões de euros atuais (75 milhões de dólares).Biggs foi detido um mês mais tarde e condenado a 30 anos de prisão, mas em 1965 conseguiu escapar da prisão londrina de Wandsworth ao escalar o muro e fugir em um furgão.
Após uma fuga que o conduziu à Bélgica, França e até mesmo à Austrália, Biggs se exilou no Brasil, onde conseguiu fugir da polícia graças a documentos falsos e a várias cirurgias estéticas.No entanto, doente e arruinado, decidiu retornar ao Reino Unido em 2001 para cumprir sua pena. Biggs, que foi colocado em liberdade em 2009 por motivos de saúde, viveu posteriormente em um asilo no norte de Londres.