O momento é especialmente ruim para o presidente francês, que na terça-feira dará uma grande coletiva de imprensa semestral na qual espera-se que detalhe seu novo "pacto de responsabilidade" com as empresas e a redução do gasto público, o que alguns analistas veem como uma inflexão sócio-liberal de seu mandato.
Mas parece muito provável que algum dos muitos jornalistas esperados no Palácio do Eliseu faça uma pergunta sobre as revelações da Closer.
"Tempo para galantear"
Embora a classe política, tanto da esquerda quanto da direita, tenha apoiado o pedido do presidente do respeito a sua vida privada, a imprensa francesa se pergunta neste sábado onde está a mudança que François Hollande havia prometido em relação aos seus antecessores, especialmente Nicolas Sarkozy.
Em sua primeira grande coletiva de imprensa presidencial, no dia 8 de janeiro de 2008, o inquilino anterior do Eliseu foi perguntado sobre seu recente romance com a cantora e modelo Carla Bruni. Sua resposta, "Com Carla é algo sério", marcou de forma indelével, e não para o bem, o seu mandato.
Hollande, que desejava encarnar uma "presidência normal", enfrenta desde sua eleição o conflito da separação entre vida privada e pública, depois que sua companheira, Valérie Trierweiler, publicou um tuíte apoiando o rival político local de Ségolène Royal, com quem Hollande teve quatro filhos.
A frágil fronteira entre vida privada e pública é uma das questões levantadas pelo artigo da Closer, algo impensável há alguns anos, quando os meios de comunicação franceses respeitavam de forma quase absoluta a intimidade dos políticos.
Este assunto é "de todos os pontos de vista catastrófico para François Hollande", afirmava neste sábado o jornal regional L'Alsace. "Os franceses acreditavam que estava encurralado por suas funções, consagrando cada minuto a governar o país. E, enquanto os resultados não chegam, descobrem que o presidente da República encontra tempo para galantear com uma atriz", acrescenta.
A França enfrenta um crescimento fraco, uma convulsão social nas regiões atingidas pela desindustrialização e uma revolta fiscal, além do problema do desemprego, que segue em níveis altos.
O chefe de Estado prometeu em várias ocasiões que inverteria a curva do desemprego, em alta no fim de 2013. E, apesar dos dados positivos de outubro, os dados de novembro praticamente dissolveram o otimismo.