O "Sim" venceu o referendo constitucional no Egito com 98,1% dos votos e 38,6% de participação, anunciou a Comissão Eleitoral neste sábado, em um resultado interpretado pelo governo militar como a legitimação popular da derrubada do presidente islâmico Mohamed Mursi. O governo estabelecido pelos militares tinha anunciado que consideraria como uma vitória uma taxa de participação superior à do referendo constitucional de 2012, quando Mursi estava no poder (32,9%).
Segundo as Forças Armadas, essa "vitória" justificaria nas urnas a destituição e a detenção do primeiro presidente eleito de forma democrática no Egito. Os militantes favoráveis a Mursi acusam os militares de terem dado um "golpe de Estado" no dia 3 de julho. Em declaração alguns minutos antes do anúncio oficial dos resultados, o chefe do Serviço de Informação do governo, Salah al-Din Abdel Maqsud, afirmou que o referendo "prova que 30 de junho foi uma revolta popular". Nessa data, milhões de egípcios foram às ruas exigir a saída de Mursi, acusado de querer islamizar o país à força.
A Irmandade, que venceu todas as eleições desde a revolta no país em 2011, convocou a população a boicotar a votação e, por causa disso, nenhuma campanha foi feita pelo "não". A grande maioria dos eleitores entrevistados pela AFP nas filas de espera das seções eleitorais no Cairo não escondeu que votava "sim para Sissi" e "não para a Irmandade Muçulmana".