Os negociadores do Talibã paquistanês advertiram nesta quarta-feira que a paz só será possível se o governo de Islamabad adotar a sharia, a lei islâmica, e as forças americanas se retirarem completamente do vizinho Afeganistão.
Estas condições parecem dificultar um acordo entre o governo e os islamitas do grupo Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), que lidera uma sangrenta insurgência desde 2007.
As negociações de paz deveriam começar na terça-feira. Mas a delegação do governo recusou-se a se reunir com os negociadores do Talibã, afirmando que a composição desta delegação era confusa e não tinha poder suficiente.
Apesar deste fiasco, as duas delegações devem se reunir na quinta ou sexta-feira, mas não há confirmação.
O sucesso das negociações poderia estar comprometido caso seja concretizado o Acordo Bilateral de Segurança (BSA) entre Washington e Cabul, o que permitiria a permanência de algumas tropas americanas no Afeganistão após o fim da missão da OTAN este ano.
Atualmente, o presidente afegão, Hamid Karzai, se recusa a assinar o acordo antes da eleição presidencial, marcada para abril.
Sami ul-Haq, chefe da delegação do Talibã, disse à AFP que "não haverá paz" na região, enquanto houver tropas americanas no Afeganistão, acrescentando que, nesse caso, "a situação será a mesma, instável".
Abdul Aziz, outro negociador talibã, também advertiu que a imposição da lei islâmica no Paquistão não está sujeita a debate.
"Sem a sharia, o Talibã não aceitará nem um por cento" das conversações, declarou à AFP.
"Apesar de algumas facções aceitarem, as demais não vão aceitar isso", acrescentou.
Observadores paquistaneses estão céticos quanto a um acordo de paz verdadeiro e duradouro entre insurgentes islâmicos e o governo em Islamabad.