Jornal Estado de Minas

"Clube de Compras Dallas" mostra o início da luta contra a Aids

"Clube de Compras Dallas" retrata o início da pandemia de Aids nos Estados Unidos, com a história real de um doente que luta de modo incansável contra as autoridades para ter acesso ao melhor tratamento possível, papel que pode render o Oscar a Matthew McConaughey.

O filme, com previsão de estreia no Brasil para 21 de fevereiro, foi indicado ao prêmio da Academia em seis categorias, incluindo filme, ator para McConaughey e ator coadjuvante para Jared Leto, ambos vencedores do Globo de Ouro e do SAG (Sindicato dos Atores) por suas interpretações e favoritos em suas categorias.

McConaughey perdeu 22 quilos para encarnar Ron Woodroof, um eletricista e participante de rodeios no Texas, heterossexual, homofóbico, libertino e viciado em cocaína, que recebe a notícia de que tem apenas 30 dias de vida depois de ser diagnosticado com HIV em 1985.

Decidido a lutar, ele descobre que um médico no México utiliza um coquetel de medicamentos e vitaminas muito mais eficaz contra a doença que o AZT, a única terapia então permitida nos Estados Unidos.

Sem o apoio da FDA, a agência federal reguladora de medicamentos, ele decide importar os novos tratamentos e funda um "clube de compradores", o "Dallas Buyers Club". Para isto recebe a ajuda de Rayon (Jared Leto), um jovem transexual com HIV, sob o olhar cético, mas benevolente de sua médica (Jennifer Garner).

"Falar da doença da perspectiva de um heterossexual nunca havia sido feito antes. Woodroof não estava em uma cruzada, ele tentava apenas sobreviver", disse McConaughey ao promover o filme nos Estados Unidos.

Woodroof, que sobreviveu por sete anos à doença, nem sequer percebeu que era um pioneiro da batalha contra a Aids, uma doença nova contra a qual os médicos não sabiam o que fazer.

"Aqui você tem um cara que não terminou o ensino secundário, um eletricista que vira especialista na doença e aprende como prolongar sua vida de uma maneira saudável", explicou o ator, de 44 anos e nascido no Texas, para quem o filme não trata da morte, e sim da vida.

Dificuldades de financiamento

"Cada vez que lia o roteiro, pensava: 'Este é um filme que deve ser feito'.

Mas ninguém queria financiar", contou McConaughey, que ao receber o Globo de Ouro disse que "Dallas Buyers Club" foi rejeitado 86 vezes.

Como destacou o diretor do filme, o canadense Jean-Marc Vallée, o texto "ficou em uma gaveta durante 18 anos".

"O roteiro foi escrito em 1992. O que aconteceu? Talvez os anos 1990 não tenham sido um bom momento, talvez ainda era muito recente", disse.

O filme foi rodado em 25 dias e custou cinco milhões de dólares, um valor mínimo para os padrões de Hollywood, sem luz artificial e sem uma equipe de eletricistas.

Para interpretar Ron Woodroof com a maior fidelidade possível, McConaughey escutou suas entrevistas com os roteiristas, que começaram a conceber o filme quando o ativista ainda estava vivo. Mas foi a leitura do diário de Ron que proporcionou a chave do personagem.

"Tive a impressão de estar sentado ao lado deste cara em um sábado à noite, enquanto cheirava cocaína", disse.

Jared Leto, muito elogiado pelo papel de Rayon, revelou que a decisão de fazer o filme foi "quase imediata".

"Pensei que era uma oportunidade incrível, dar vida a um personagem muito original. E eu imediatamente vi o papel como um transexual e não como um travesti", contou.

Vallée contou que sua primeira reunião com Leto aconteceu por Skype.

"Usava uma peruca, um vestido, tinha os lábios pintados e paquerava", recorda.

O ator permaneceu dentro do personagem durante todo o período de filmagem.

"A primeira vez que conheci o verdadeiro Jared Leto foi na apresentação do filme no Festival de Toronto", disse o cineasta.

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