Representantes da oposição ucraniana se reuniram nesta segunda-feira com a chanceler alemã, Angela Merkel, para pedir ajuda financeira e sanções contra os aliados do presidente Viktor Yanukovytch, na véspera da análise de uma reforma constitucional que reduz os poderes presidenciais no Parlamento.
"Acredito que a União Europeia e a Alemanha têm mecanismos para impor sanções", declarou Vitali Klitschko, um dos líderes da oposição, durante um encontro com Angela Merkel.
"Seria necessário verificar a origem das rendas de Yanukovytch e de seus aliados, assim como dos oligarcas que apoiam o regime. Todas as transações suspeitas devem ser bloqueadas no quadro das leis da UE relacionadas à lavagem de dinheiro", acrescentou, segundo um comunicado de seu partido Udar (Golpe).
"A situação continua extremamente tensa", considerou a chanceler, pedindo que a Ucrânia "avance rapidamente na formação do governo e na reforma da Constituição".
A revolta foi desencadeada pela desistência de Yanukovytch em assinar um acordo de associação com a União Europeia, no fim de novembro, optando por se reaproximar da Rússia. A onda de contestação pró-europeia se transformou em rejeição ao regime de Viktor Yanukovytch.
Nem a renúncia do governo, em janeiro, nem as negociações resolveram o conflito, marcado por confrontos que deixaram quatro mortos e mais de 500 feridos.
- Necessidade de ajuda financeira -
Vitali Klitschko ressaltou em Berlim que a pressão ocidental sobre o presidente Yanukovytch deve ser acompanhada por "um programa positivo para o povo ucraniano", prevendo uma ajuda financeira e a retirada de vistos para a Europa de integrantes do regime.
Pouco depois do encontro em Berlim, a Rússia anunciou que pretende conceder "nesta semana" dois bilhões de dólares à Ucrânia, que enfrenta uma grave crise econômica.
O governo russo ofereceu em dezembro um crédito de 15 bilhões de dólares e uma grande redução no preço do gás.
Os ocidentais também indicam que pretendem conceder uma ajuda financeira à Ucrânia.
A visita dos opositores a Berlim acontece na véspera da retomada dos trabalhos no Parlamento, que deve debater uma reforma constitucional exigida pela oposição. Os opositores querem a volta da Constituição de 2004, que reduz os poderes presidenciais.
Segundo os assessores de Yanukovytch, o presidente também pode apresentar na terça um novo primeiro-ministro, em uma iniciativa que pode indicar o rumo a ser seguido por Kiev.
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