Ativistas da oposição ocuparam nesta terça-feira a sede do Partido das Regiões do presidente ucraniano Viktor Yanukovytch, enquanto manifestantes e policiais se enfrentavam nas proximidades do Parlamento em Kiev, para onde seguiam quase 20 mil pessoas. Mais de 200 manifestantes atacaram durante a manhã a sede do partido com coquetéis molotov e quebraram as portas com machados.
Alguns minutos antes foram registrados violentos confrontos nos arredores da sede do Parlamento. A polícia utilizou bombas de efeito moral e balas de borracha contra os manifestantes, que responderam com pedras contra os agentes que protegiam o local.
Nesta terça-feira, os deputados ucranianos devem examinar um projeto de reforma constitucional que reduz os poderes do presidente em benefício do governo e do Parlamento. Estes foram os primeiros confrontos em Kiev desde o fim de janeiro, quando os enfrentamentos deixaram quatro mortos e mais de 500 feridos.
Os manifestantes pararam a 200 metros do Parlamento, onde estavam posicionados as primeiras barreiras das forças de segurança. O comando da oposição, na Praça da Independência, ocupada há três meses pelos manifestantes hostis ao presidente Yanukovytch, tentava evitar os confrontos entre os elementos mais radicais dos protestos e a polícia.
"Nosso objetivo é cercar o Parlamento e bloquear o local para impedir que os deputados nomeiem um primeiro-ministro 'russo'", declarou Andrii Parubii, deputado de oposição e integrante do partido da ex-primeira-ministra Yulia Timochenko.
Uma ala da oposição acredita que Yanukovytch poderia nomear nesta terça-feira um novo primeiro-ministro. "Organizamos uma ofensiva pacífica no Parlamento. A oposição tem apenas 169 deputados (de 450), o que não é suficiente, mas espero que os representantes da maioria entendam que devem dar seus votos para resolver a questão da reforma constitucional", disse o líder do partido nacionalista Svoboda (Liberdade), Oleg Tiagnybok.
A oposição acusa o governo ucraniano de ceder às pressões de Moscou desde que Yanukovytch desistiu de assinar, em novembro, um acordo de associação com a União Europeia e optou por uma negociação com a Rússia.