Jornal Estado de Minas

Presidência da Ucrânia anuncia concessões após massacre em Kiev

AFP
Um dia depois de um banho de sangue em Kiev, o presidente ucraniano, Viktor Yanukovytch, anunciou nesta sexta-feira uma eleição antecipada, uma reforma constitucional e um governo de unidade nacional para tentar acabar com a crise.
"Anuncio o início de um processo de eleição presidencial antecipada", afirma o presidente em um comunicado, sem especificar a data.

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"Inicio também o processo de retorno à Constituição de 2004", que dá mais poderes ao Parlamento, e a formação de um "governo de unidade nacional", completou. O presidente ucraniano cede, assim, a alguns pedidos da oposição, que ocupa há três meses a Praça da Independência em Kiev, mas que poderiam ser insuficientes após a morte de mais de 70 pessoas desde terça-feira em confrontos com a polícia.

Até o momento, a oposição não divulgou uma resposta para as propostas do governo. Os três principais líderes opositores estavam reunidos e devem ter um encontro com o presidente ao longo do dia, informou à AFP a porta-voz do ex-campeão de boxe Vitali Klitschko.

As delegações europeias não descartaram a possibilidade da assinatura de um acordo "temporário", mas expressaram muita prudência. As negociações estão em uma fase "delicada", afirmou o ministro polonês das Relações Exteriores, Radoslaw Sikorski. "Momento delicado a respeito do acordo para solucionar a crise na Ucrânia. Todas as partes devem lembrar que um compromisso não pode satisfazer em 100% a todos", escreveu o ministro no Twitter.

Na Praça da Independência, epicentro dos protestos, os manifestantes consolidaram as barricadas e os estoques de tijolos e coquetéis molotov durante a manhã. Os policiais recuaram quase 100 metros.

No total, 20 mil manifestantes permaneciam nas barracas e nas barricadas, ou escutavam discursos, cantos e orações em um palco montado no local.
O ministério do Interior acusou alguns manifestantes de um ataque armado contra policiais para tentar romper a barreira de segurança e abrir passagem até o Parlamento de Kiev.

Mas os manifestantes negaram e acusaram a polícia de ter utilizado bombas de efeito moral. Os anúncios foram feitos após longas negociações com a presença dos ministros das Relações Exteriores da França, Alemanha e Polônia, além de um representante da Rússia. Segundo o balanço mais recente do ministério da Saúde, 77 pessoas morreram desde terça-feira nos confrontos com a polícia, que usou munição real.

Outras 577 pessoas ficaram feridas e 369 permanecem hospitalizadas. "Os atiradores assassinaram os manifestantes de maneira muito profissional disparando no coração, cérebro ou carótida", afirmou ao 'Kanal 5' a médica Olga Bogomolets. O comandante adjunto do Estado-Maior do exército ucraniano, Yuri Dumanski, pediu demissão nesta sexta-feira em protesto contra as tentativas de envolvimento do exército no conflito. "Envolver o exército atualmente no conflito civil pode provocar grande número de mortos", declarou..