Os protestos da noite de sábado no leste de Caracas deixaram o total de 25 feridos em confrontos entre membros da oposição e as forças da ordem, informou neste domingo a prefeitura de Chacao.
Os confrontos ocorreram na zona de Altamira e terminaram "com catorze pessoas feridas por disparos de cartucho (à distância), nove contundidos (por golpes) e dois intoxicados (por gás)", revelou o prefeito de Chacao, Ramón Muchacho.
Não houve registro de feridos por bala em Chacao, feudo da oposição e local dos protestos estudantis contra o governo do presidente Nicolas Maduro.
Há quase três semanas, a Venezuela enfrenta uma onda de protestos contra a insegurança, a crise econômica e o desabastecimento.
Na noite de sábado, os choques se concentraram em torno da Praça Altamira, mas terminaram antes da meia-noite, segundo a prefeitura de Chacao.
Os confrontos em Chacao ocorreram após o protesto que reuniu mais de 50 mil pessoas em Caracas, convocadas pelo líder opositor Henrique Capriles para exigir o desarmamento dos paramilitares e medidas contra a crise econômica.
Neste domingo, Maduro denunciou o assassinato de um jovem em um piquete da oposição em San Cristóbal, no oeste do país.
Em um discurso para centenas de partidários reunidos diante do Palácio de Miraflores, Maduro afirmou que o jovem foi atacado em um bloqueio de rua de radicais: "não queriam deixá-lo passar, ele insistiu e quando passou foi esfaqueado por uma pessoa".
Já o prefeito de San Cristóbal, o opositor Daniel Ceballos, afirmou que o jovem foi morto em um assalto: "morreu vítima da insegurança, esfaqueado" por um ladrão.
Maduro denunciou ainda que seus parentes e amigos, inclusive a filha de Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional, foram alvo de agressões nos últimos dias, mas não deu detalhes dos incidentes.
No leste de Caracas, o general da reserva Angel Vivas, cuja captura foi ordenada por Maduro, resistiu à prisão neste domingo subindo no telhado de sua casa, quando era procurado por agentes do governo.
Vivas, que faz oposição aberta ao chavismo, informou no Twitter que "homens uniformizados atacaram minha casa".
Segundo testemunhas, ao meio-dia homens de uniforme tentaram entrar na casa do general, que subiu no telhado para evitar a prisão. Algum tempo depois, o grupo abandonou o local sem levar o militar.
Vivas foi acusado por Maduro de "treinar" grupos radicais que levantam barricadas nas avenidas durante os protestos estudantis na Venezuela.
Maduro havia anunciado a ordem de prisão contra o general Vivas, que "ensinou a colocar arames (nas barricadas) e treinou estes fascistas assassinos". Um dos dez mortos nos protestos foi um motociclista que teve o pescoço cortado por um fio de aço.
Imagens da TV local mostraram Vivas no telhado de uma casa, ao que parece com uma arma na mão, enquanto civis levantavam barricadas para impedir o acesso de veículos ao local.
Um advogado do militar declarou à imprensa, no lado de fora da casa, que a ordem de prisão contra Vivas não tinha "legitimidade" por "carecer de uma assinatura válida de um juiz".
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