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Estado de Minas

Presidente interino da Ucrânia pede que Putin pare com 'agressão não dissimulada' na Crimeia

Exército russo quebra acordos de movimentação de tropas na base de Sebastopol e militariza região pró-rússia em território ucraniano


postado em 28/02/2014 18:16 / atualizado em 28/02/2014 18:56

Soldados não identificados patrulham o aeroporto da Crimeia, onde o exército russo tem feito seguidos pousos e decolagens, em desrespeito à soberania ucraniana(foto: VIKTOR DRACHEV/AFP)
Soldados não identificados patrulham o aeroporto da Crimeia, onde o exército russo tem feito seguidos pousos e decolagens, em desrespeito à soberania ucraniana (foto: VIKTOR DRACHEV/AFP)

O presidente interino da Ucrânia, Olexander Turchinov, pediu nesta sexta-feira que o presidente russo, Vladimir Putin, "pare imediatamente com sua agressão não dissimulada e retire seus militares da Crimeia", em declarações transmitida pela televisão. Turchinov denunciou uma provocação de Moscou, pois, segundo ele, "provoca-se o conflito e, em seguida, anexa-se o território".

"A Rússia enviou tropas à Crimeia e, não apenas tomou o Parlamento e o governo da Crimeia, mas procura também a tomar o controle da infraestrutura de comunicação (...). Ela deve parar imediatamente esta provocação e pedir que os militares na Crimeia atuem exclusivamente respeitando os acordos assinados", ressaltou o presidente interino.

Ele se referiu ao acordo concluído em 1997 entre Kiev e Moscou, que estipula as regras segundo as quais a frota russa do Mar Negro fica baseada no porto de Sebastopol, na Crimeia, península de maioria russa no sul da Ucrânia. O Ministério ucraniano das Relações Exteriores havia denunciado antes a violação do espaço aéreo ucraniano pela Rússia.

"Nós assistimos hoje a uma invasão armada russa (...). O espaço aéreo (da Crimeia) está fechado em razão do grande número de aterrissagens de aviões e helicópteros russos", denunciou também o representante do presidente ucraniano na Crimeia, Serguei Kunitsyne, à rede de televisão ART.  Ele estimou em cerca de 2.000 o número de militares russos transportados por aeronaves até o aeroporto militar Gvardeiskoie, próximo a Simferopol, capital da república autônoma da Crimeia.

Os guardas de fronteira ucranianos tinham indicado anteriormente que pelo menos dez helicópteros russos haviam cruzado a fronteira para entrar na Crimeia, enquanto apenas três deles tinham sido autorizados por Kiev, após um pedido russo oficial. Testemunhas também indicaram ter visto nesta sexta à noite uma movimentação de veículos de transportes de tropas não identificados na estrada que liga Sebastopol a Simferopol, assim como a aterrissagem de vários aviões de carga militares em um aeroporto militar perto de Simferopol.

Durante a noite de quinta, cerca de dez militares armados, usando uniformes sem sinais de identificação, chegaram ao aeroporto de Simferopol e patrulharam a parte externa durante todo o dia, segundo jornalistas da AFP. As autoridades ucranianas falaram de uma "invasão armada" russa. Os misteriosos militares no aeroporto de Simferopol "não escondem o seu pertencimento às forças armadas russas", segundo o ministro do Interior interino Arsen Avakov.

Ao mesmo tempo, centenas de militantes pró-russos estavam reunidos nas proximidades do Parlamento da República Autônoma da Crimeia, em Simferopol, onde a bandeira russa foi hasteada na quinta pelo grupo que entrou no prédio, aparentemente armado. Reunidos a portas fechadas, os deputados do Parlamento da Crimeia votaram na quinta pela realização de um referendo no dia 25 de maio para dar mais autonomia à Crimeia. Essa data também foi a escolhida pelo Parlamento ucraniano em Kiev para organizar uma eleição presidencial antecipada, após a destituição do presidente Viktor Yanukovytch.

A Crimeia, povoada majoritariamente por russos, é a região da Ucrânia que se opõe com mais força às novas autoridades em Kiev. Ela já pertenceu à Rússia, antes de ser anexada à Ucrânia soviética em 1954.


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