Jornal Estado de Minas

EUA aumentam pressão sobre a Rússia e restringem vistos

Além da Crimeia, Washington se preocupa com ações militares russas no leste da Ucrânia

AFP

Miiltares de base aérea ucraniana em Belbek, na Crimeia, enfrentam protestos de ucranianos pró-Russia em seus portões - Foto: Filippo MONTEFORTE/AFP


Os Estados Unidos aumentaram nesta quinta-feira a pressão sobre a Rússia ao impor restrições à emissão de vistos aos ucranianos e russos considerados responsáveis pela atual crise na Ucrânia e deixaram em aberto a porta para futuras sanções.

A sede do governo americano informou que o presidente Barack Obama ordenou uma restrição à entrega de vistos "em resposta à violação da soberania e integridade territorial da Ucrânia pela Rússia". Em uma ordem presidencial, Obama também autorizou o congelamento dos bens das autoridades e indivíduos alvos da iniciativa.

Um funcionário do governo declarou à imprensa que "trata-se de uma forte mensagem de que faremos a Rússia pagar por esta intervenção. Também nos dá flexibilidade para responder nos próximos dias de acordo com as ações da Rússia". Segundo o funcionário, que pediu anonimato, "estamos seriamente preocupados com a intervenção na Crimeia, mas a situação pode piorar ainda mais se verificarmos ações no leste da Ucrânia". No entanto, fontes oficiais garantiram que, até este momento, Washington não registrou nenhum movimento militar no leste da Ucrânia, além da presença de tropas russas na república autônoma da Crimeia.

Forças russas assumiram o controle da estratégica região da Crimeia, que abriga a frota russa do Mar Negro, logo após a destituição do presidente ucraniano Viktor Yanukovytch. A ordem presidencial assinada por Obama "é uma ferramenta flexível que nos permitirá punir aqueles diretamente envolvidos na desestabilização da Ucrânia, incluindo na intervenção militar na Crimeia, e não exclui outras medidas no caso de uma deterioração da situação", acrescentou a fonte. O governo americano também reagiu à convocação de um referendo para decidir se a região da Crimeia voltará a fazer parte da Rússia.

A península da Crimeia, de língua russa e, atualmente, sob status de república autônoma, fez parte da Rússia até 1954, quando o então líder soviético Nikita Khrushchev decidiu "doá-la" para a Ucrânia. Um alto funcionário americano explicou que "qualquer decisão sobre a Crimeia deve ser tomada em acordo com o Governo de Kiev".
"Não se pode ter uma situação em que o governo legítimo de um país é excluído da tomada de decisões relativas a diferentes regiões do país. Isso é uma clara violação do direito internacional", acrescentou. "Este é um país com fronteiras claramente definidas e só o povo da Ucrânia pode tomar decisões sobre seu futuro político", afirmou o alto funcionário. Os líderes do governo interino da Ucrânia têm de "estar à mesa" de negociações, segundo o funcionário.

As autoridades favoráveis a Moscou na Crimeia pediram nesta quinta-feira ao presidente russo Vladimir Putin que considere um pedido para que sua região faça parte da Federação Russa. Washington continuará "insistindo na integridade e soberania da Ucrânia" como um todo, indicou o funcionário americano. Por sua vez, o secretário de Estado americano John Kerry conduziu nesta quinta-feira em Roma uma segunda rodada de conversações com seu colega russo Serguei Lavrov, em uma tentativa de encontrar uma saída para a crise. Lavrov declarou à imprensa russa que, "no momento, não podemos anunciar à comunidade internacional que chegamos a um acordo".

Em Washington, o governo americano já anunciou o seu boicote a uma reunião preparatória para a cúpula do G8 em Sochi e a suspensão de negociações bilaterais com a Rússia sobre o comércio e investimentos.

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