A leitura de um radar militar indicou que o Boeing 777-200 da Malaysia Airlines, desaparecido desde a madrugada de sábado, pode ter desviado a rota para retornar a Kuala Lumpur antes sumir. O avião, que carregava 227 passageiros e 12 tripulantes, desapareceu repentinamente pouco depois de decolar da capital da Malásia em direção a Pequim.
Em uma coletiva de imprensa realizada neste domingo em Kuala Lumpur, as autoridades disseram que, com a possibilidade do Boeing ter tentado retornar à capital da Malásia, "significa que a aeronave poderia estar em qualquer lugar", comentou o ministro de Transportes interino, Hishamuddin Hussein, que também responde pelo Ministério de Defesa da Malásia.
O paradeiro do voo MH370 desencadeou uma operação de busca e resgate no Golfo da Tailândia e no Mar do Sul da China, envolvendo forças armadas de várias nações, incluindo Estados Unidos, Malásia, Vietnã e China. Mais de 40 aviões e 20 navios participam das buscas ao jato desaparecido. Autoridades vietnamitas disseram que investigam relato de suposto pedaço de destroços flutuando nas águas em que a aeronave teria desaparecido.
Um objeto amarelo foi avistado por um avião de Cingapura a cerca de 100 quilômetros do sul da ilha vietnamita de Tho Chu por volta das 2h30 (horário local), revelaram as fontes, sem dar descrições mais detalhadas. A equipe que avistou o suposto destroço não conseguiu confirmar se era mesmo a peça de um avião, pois no momento já estava muito escuro e eles não conseguiram chegar muito próximo do objeto.Três navios do Vietnã foram deslocados para o local e devem chegar nas próximas horas.
Segundo a rede americana de TV CNN, especialistas disseram à emissora que o objeto encontrado não é nenhuma peça de avião. Ainda de acordo com o noticiário da CNN, um avião americano teria visto peças boiando no mar, mas logo em seguida as autoridades desmentiram e disseram que era um equívoco relacionar o objeto com o voo desaparecido. O Ministério de Defesa de Cingapura se recusou a comentar sobre a descoberta. A cidade-Estado colocou à disposição dois aviões militares C-130 e três navios para ajudar nas buscas pelo voo MH370.
Possibilidade de terrorismo
No início das investigações, autoridades descobriram que dois passageiros teriam embarcado com passaportes roubados. O chefe da polícia na Malásia, o inspetor Khalid Abu Bakar, disse aos jornalistas que cobrem o desaparecimento na Ásia que os investigadores "não descartam a possibilidade" de terrorismo, mas não consideram essa a principal causa do desaparecimento do voo MH370.
Uma autoridade de aviação da Malásia disse que o órgão regulador investiga os arquivos de vídeo dos dois passageiros carregando passaportes roubados, desde o check-in até a decolagem. As duas pessoas - um austríaco e outro italiano - foram listadas como passageiros, mas não estavam no voo. A informação foi confirmada pelos governos dos dois países. Ambos tiveram os passaportes roubados na Tailândia. Segundo a Interpol, os roubos ocorreram nos últimos dois anos em situações distintas.
O italiano, cujo passaporte foi supostamente usado, Luigi Maraldi, entrou em contato com o consulado da Itália em Phuket, na Tailândia, no sábado, depois de receber um telefonema de seus pais informando sobre o desaparecimento do avião.
Maraldi disse à CNN que recebeu diversos telefonemas e mensagens perguntando se ele estava vivo e bem. O italiano estava a passeio na ilha de Phuket em julho de 2013, quando seu passaporte desapareceu. Ele disse que fez um novo passaporte depois de seu antigo foi roubado.
"Embora seja muito cedo para especular sobre qualquer conexão entre esses passaportes roubados e o avião desaparecido, é claramente uma grande preocupação de que qualquer passageiro conseguiu embarcar em um vôo internacional usando um passaportes roubados e listados nos bancos de dados da Interpol", disse o secretário-geral da Interpol Ronald K. Noble, em comunicado oficial.
Os dois passageiros que usaram os passaportes em questão parecem ter comprado os seus bilhetes juntos. As passagens foram comprados da China Southern Airlines, a preços idênticos, pagos em moeda baht da Tailândia, de acordo com sistema de verificação de e-ticket oficial da China Travelsky. Os números de bilhete são sequentes, o que indica os bilhetes foram emitidos em conjunto.
Os dois bilhetes reservados com a China Southern Airlines tinham como ponto de partida da viagem a capital da Malásia, Kuala Lumpur. Eles pegaram o voo para Pequim e deveriam seguir em outro voo para Amsterdã. Da Holanda, o bilhete do italiano indica que ele seguiria para Copenhagen e o austríaco para Frankfurt.
"Eu já vi esses relatos sobre os passaportes. Nós estamos atentos para isso, mas não temos nada para confirmar neste momento", explicou o vice-conselheiro de segurança nacional dos EUA Tony Blinken ao programa "State of the Union", da CNN. "Os relatórios certamente levantam questões preocupantes", disse ele.
Outra possível explicação para o uso de passaportes roubados é a imigração ilegal. Segundo a imprensa internacional, há casos anteriores de imigrantes ilegais usando passaportes falsos tentando entrar em países ocidentais. E o Sudeste da Ásia é conhecido por ser um mercado em expansão para os passaportes roubados.
Coincidências com o voo 447 da Air France
Especialistas em aviação disseram que embora seja raro, já houve acidente fatal com jato de passageiros quando a aeronave já estava em nível de altitude e velocidade de cruzeiro, a etapa mais segura de um voo, segundo eles. Em 1 º de junho de 2009, o voo 447 da Air France estava na rota Rio de Janeiro-Paris quando as comunicações foram interrompidas de repente. O Airbus A330 só foi encontrado dois anos depois do acidente.
Em maio de 2011, o gravador de voz e gravador de dados de voo da aeronave foram recuperadas do fundo do oceano depois de uma extensa pesquisa usando veículos submersíveis. Em julho de 2012, a investigação foi concluída e apontou falha humana e também no Airbus.
Boeing já havia sofrido danos
O avião desaparecido da Malaysia Airlines já tinha sofrido danos no passado. A informação é do CEO companhia aérea Ahmad Jauhari Yahya em entrevista neste domingo. A aeronave teve uma ponta da asa quebrada, mas a própria Boeing teria feito o reparado. A empresa afirmou que o jato era seguro para voar.
Parentes irão acompanhar as buscas
No Aeroporto de Pequim, destino final do voo MH370, parentes dos passageiros aguardam por notícias. No local, funcionários da Malaysia Airlines estão recolhendo passaportes dos familiares e organizando a ida deles para Kuala Lumpur, onde irão acompanhar mais de perto o trabalho de busca do 777.
Se o acidente com o voo 370 for confirmado e se todos a bordo estiverem mortos, esse será o maior desastre aéreo do mundo desde 12 de novembro de 2001, quando o voo 587 da American Airlines caiu em um bairro de Nova York logo após a decolagem, matando todas as 260 pessoas a bordo e mais cinco em solo.