O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e seu colega da Palestina, Mahmud Abbas, tiveram uma conversa "difícil" sobre o processo de paz entre israelenses e palestinos, e os americanos não apresentaram uma proposta de "acordo-quadro", disse o negociador Saeb Erakat nesta terça-feira.
Obama se reuniu com Abbas na segunda-feira, na Casa Branca, em Washington, e lhe pediu que assuma "riscos" para alcançar a paz, em mais uma tentativa de desbloquear as negociações entre Israel e palestinos.
"A reunião esteve - e eu uso um termo franco -, a reunião esteve difícil, a reunião foi longa", afirmou o palestino Erakat, em inglês, em conferência no Wilson Center, um prestigiado centro de estudos e pesquisa de Washington.
"E, ao contrário do que as pessoas davam como certo, não saímos dessa reunião com um documento oficial proposto pelos americanos", acrescentou o negociador.
"Continuamos no estado de discussão" para alcançar um "acordo-quadro" que trace as linhas gerais de um acordo de paz, frisou.
Antes da visita de Abbas, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, já havia estado em Washington há duas semanas. Na ocasião, Obama pediu ao premiê que tomasse "decisões difíceis" e advertiu-o sobre as "consequências internacionais" que um fracasso das negociações teria para Israel.
Obama se comprometeu, diante de Netanyahu, a fazer pressões de mesma natureza sobre os dirigentes palestinos, informou uma autoridade do governo americano.
Espera-se que as negociações de paz, retomadas em julho de 2013 sob a iniciativa do secretário de Estado americano, John Kerry, e após quase três anos de paralisia, sejam concluídas antes do final de abril.
O objetivo é alcançar um "acordo-quadro" que defina as principais linhas dos temas do chamado "estatuto final": fronteiras, colônias, segurança, status de Jerusalém e refugiados palestinos.
Ainda não houve avanços concretos, e Kerry já admitiu que as discussões podem ultrapassar o prazo inicialmente previsto de nove meses.
Os palestinos se opõem à prolongação das negociações além da data-limite de 29 de abril. Além disso, já manifestaram sua rejeição a várias propostas americanas, alegando que se afastam excessivamente do Direito Internacional. Os palestinos são contra, em particular, ao "reconhecimento de Israel como Estado judeu" e à permanência ilimitada de tropas israelenses em territórios palestinos.
"Por que deveria reconhecê-lo como Estado judeu?", questionou. "O nome de Israel é o Estado de Israel", concluiu Erakat.
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