O presidente do Uruguai, José Mujica, confirmou nesta quinta-feira que aceitou que seu país receba cinco prisioneiros de Guantánamo, a pedido dos Estados Unidos.
O Uruguai se tornará o primeiro país sul-americano a aceitar detentos da prisão, que abriga acusados de terrorismo. "É um pedido por uma questão de direitos humanos. Mais de 120 pessoas estão presas há 13 anos. Não viram um juiz, não viram um fiscal, e o presidente dos Estados Unidos quer se livrar desse problema", explicou Mujica a jornalistas.
O presidente uruguaio, ex-guerrilheiro que chegou ao poder em 2010, acrescentou que os prisioneiros virão ao país como refugiados. "Se quiserem formar um lar e trabalhar, que fiquem no país", explicou. "Eles vêm como refugiados, e o Uruguai os acolherá se quiserem trazer a família e outros". Questionado se teria pedido alguma contrapartida ao governo americano, Mujica respondeu que não costuma fazer favores de graça, mas que "dessa vez é preciso fazer isso, porque sim".
Em comunicado, a embaixada dos Estados Unidos no Uruguai informou que o governo americano está "consultando vários países da região" sobre o fechamento de Guantánamo, e que falou com o governo uruguaio "devido ao papel de liderança do presidente Mujica" na região.
Aprovação de Raúl Castro
A informação já havia sido adiantada pela manhã pela revista Búsqueda. "Obama expressou, durante as últimas semanas, a seu colega uruguaio, José Mujica, por meio de emissários, a vontade do governo de Washington de que o Uruguai seja um dos países a receber prisioneiros de Guantánamo", assinalou a publicação.
"Mujica decidiu aceitar a proposta depois de uma série de consultas e de enviar emissários aos Estados Unidos e a Guantánamo, segundo informantes", acrescentou a revista, indicando, além disso, que durante sua última viagem a Cuba, em janeiro, Mujica conversou sobre o tema com o presidente cubano Raúl Castro, que concordou em apoiar a ideia.
Ainda de acordo com a revista, o secretário de Estado americano, John Kerry, ligou para o presidente uruguaio para agradecer e confirmar que Obama o receberá na Casa Branca antes do fim de junho.
Ao assumir seu primeiro mandato, Obama prometeu fechar Guantánamo..