Os vários fenômenos climáticos extremos registrados em 2013 são "indicadores coerentes" da evolução clima provocada pelo aquecimento global, afirma o relatório anual da Organização Meteorológica Mundial (OMM), divulgado nesta segunda-feira.
A OMM, uma agência da ONU com sede em Genebra, destaca "o impacto considerável das secas, ondas de calor, inundações e ciclones tropicais".
Também aponta 2013 como o "sexto lugar, empatado com 2007, entre os anos mais quentes já registrados, o que confirma a tendência de aquecimento observada a longo prazo".
"O número de fenômenos extremos ocorridos em 2013 corresponde ao que era esperado neste contexto de mudança climática provocado por causas humanas", afirma o documento.
A agência menciona especificamente fenômenos como o frio extremo na Europa e Estados Unidos, as cheias na Índia, Nepal, norte da China, Rússia, Europa central, Sudão e Somália, a neve no Oriente Médio e a forte seca no sul da China e no Brasil.
"Assistimos a chuvas mais abundantes, a ondas de calor mais intensas e ao agravamento dos danos provocados pelas tempestades e as inundações na costa, devido ao aumento do nível do mar.
"O aquecimento global não está registrando nenhuma pausa", disse, antes de destacar a aceleração do aquecimento dos oceanos, que alcançou níveis mais profundos.
"Mais de 90% do excesso de energia retido pelos gases de efeito estufa se encontra nos oceanos", explicou Jarraud.
"Os gases do efeito estufa estão em um nível recorde, o que significa que nossa atmosfera e nossos oceanos continuarão em aquecimento nos próximos séculos", alertou.
Após uma análise especial do calor recorde observado na Austrália no verão de 2013, a OMM afirma que os níveis "teriam sido quase impossíveis sem a influência dos gases que provocam o efeito estufa de origem humana. Isto demonstra que as mudanças climáticas geram um forte aumento da probabilidade de certos fenômenos extremos".
A temperatura média na superfície do globo, incluindo terra emersa e oceanos, foi de 14,5 graus centígrados (C) em 2013, meio grau acima da média calculada para o período 1961-1990, e 0,03 grau C acima do registrado na década 2001-2010, afirma a OMM. Esta já é a década mais quente, segundo os registros.
O relatório afirma que no decorrer do século XXI foram registrados 13 dos 14 anos mais quentes, e que cada uma das três últimas décadas foi mais quente que a anterior.
Os cientistas alertam há muito tempo que cada vez há menos possibilidades de reduzir o aquecimento global a dois graus centígrados na comparação com os níveis prévios à revolução industrial, que é a meta da ONU.
No momento existe um escasso consenso internacional sobre a forma de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, resultantes da atividade industrial, dos transportes e da agricultura.
Alguns cientistas acreditam que a este ritmo, em 2100 a temperatura do planeta terá aumentado em quatro graus ou inclusive mais, o que provocará secas ainda mais graves, inundações, tempestades e fomes.
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