Jornal Estado de Minas

Rússia em risco de recessão devido à crise na Ucrânia

AFP

A economia russa, por si só em processo de desaceleração, pode sofrer uma retração de 1,8% este ano se a crise com a Ucrânia se agravar, advertiu nesta quarta-feira o Banco Mundial (BM).

A Rússia também pode sofrer uma fuga de capitais de até 150 bilhões de dólares devido à insegurança causada pela anexação da Crimeia, que provocou a condenação dos Estados Unidos e da União Europeia e a pior crise diplomática desde o fim da Guerra Fria.

"Se o conflito Rússia-Ucrânia se agravar, poderão surgir incertezas sobre as sanções ocidentais e a resposta da Rússia", alerta o relatório.

"Isso pode prejudicar ainda mais a confiança das empresas e dos consumidores e aumentar a volatilidade do mercado, enfraquecendo as perspectivas de consumo doméstico e de crescimento", explica.

Dois cenários

O relatório prevê dois cenários para a Rússia.

"As perspectivas dependem amplamente da recuperação da confiança dos empresários e dos consumidores e dos riscos geopolíticos", indica a instituição.

No pior dos casos, a contração seria del 1,8% em 2014 e de 2,1% em 2015.

Com um impacto limitado da crise na Crimeia, o segundo cenário contemplado pelo BM, a queda do crescimento russo será menos forte, de 1,1% em 2014, e um aumento de 1,3 % em 2015.

A Rússia cresceu 1,3 % em 2013, longe das taxas robustas de anos anteriores.

O governo de Vladimir Putin diminuiu o ritmo das reformas estruturais o que provocou uma "erosão da confiança dos investidores", nas palavras de especialistas do BC.

O atual modelo econômico é fraco e desequilibrado, lembra o Banco.

Ainda assim, os novos números do BM são menos pessimistas do que as previsões dos principais bancos e agências financeiras de notação, que preveem um crescimento inferior a 1% este ano.

A fuga de capitais, endêmica na Rússia, vai continuar em 2015, até um total de cerca de 80 bilhões de dólares, de acordo com Birgit Hansl, economista do BM e autor do relatório, citado pela agência Ria-Novosti.

Em caso de sanções mais duras da comunidade internacional, os números podem piorar, explica.

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