Um júri considerou nesta quarta-feira Sulaiman Abu Ghaith, um dos genros de Osama Bin Laden e ex-porta-voz da Al-Qaeda, culpado das três acusações em um julgamento por terrorismo na justiça federal de Nova York.
Abu Ghaith, de 48 anos, que negou as acusações, pode ser condenado à prisão perpétua após o veredicto unânime que acaba com três semanas de processo no tribunal do sul de Manhattan.
O juiz federal Lewis Kaplan divulgará a sentença no dia 8 de setembro.
Abu Ghaith, um imã proveniente do Kuwait, ouviu sem se abalar o veredicto que o considerou culpado das acusações de conspiração para matar cidadãos americanos, conspiração para prover material de apoio a terroristas e fornecimento de material de apoio a terroristas.
Após a leitura da decisão dos doze jurados, o acusado sorriu para os advogados e colocou a mão sobre o coração em sinal de agradecimento.
Abu Ghaith ficou conhecido por aparecer ao lado de Bin Laden e do atual líder da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, em um vídeo da organização extremista no qual o grupo reivindicava os ataques que deixaram quase 3.000 mortos um dia antes em Nova York, Washington e Pensilvânia.
Ele trabalhou para a Al-Qaeda até 2002, quando se mudou para o Irã. Foi detido em janeiro de 2013 em Ancara, depois de atravessar a fronteira Irã-Turquia, antes de ser expulso para a Jordânia e extraditado aos Estados Unidos.
A promotoria o apresentou como o "principal mensageiro" de Bin Laden depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, um "confidente íntimo" que aderia plenamente às ideias do sogro.
Segundo o promotor John Cronan, após os ataques de 2001 a Al-Qaeda "precisava enviar uma mensagem, que os Estados Unidos tiveram o que mereciam e que isso voltaria a acontecer", e Bin Laden encarregou Abu Ghaith de realizar a missão de "convencer os jovens a se somarem" à organização terrorista.
Apelação da defesa
Entre as acusações contra Abu Ghaith estava a de cumplicidade com o britânico Richard Reid, que tentou explodir um avião que fazia o trecho Paris-Miami com explosivos escondidos em seu sapato três dias após os atentados de 11-S e que atualmente cumpre uma pena de prisão perpétua.
O advogado de defesa, Stanley Cohen, anunciou à imprensa que apelará do veredicto, acusando o juiz de ter sido coercitivo durante o processo e qualificando seu cliente de "estoico".
"Está confiante de que este não é o fim, mas o início. Pensamos que há um número de questões convincentes para uma apelação", afirmou.
A defesa havia descrito Abu Ghaith como um imã devoto que chegou ao Afeganistão com sua esposa e seus sete filhos em junho de 2001 para "ajudar as pessoas necessitadas". Seus discursos, segundo Cohen, não se tratavam de terrorismo, mas de história, tradição e sharia.
Abu Ghaith, que perdeu a nacionalidade kuwaitiana após os atentados de 11-S, surpreendeu na última quinta-feira ao testemunhar para se defender, algo nunca visto em Nova York com um líder da Al-Qaeda.