Jornal Estado de Minas

Principais pontos do quinto relatório do IPCC sobre mudanças climáticas

AFP

Principais pontos do quinto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

IMPACTOS IMEDIATOS

"O sistema climático está sendo perturbado pelo ser humano e a mudança climática representa riscos para os sistemas naturais e humanos (...).

Em décadas recentes, as mudanças no clima provocaram impactos em sistemas naturais e humanos em todos os continentes e oceanos", afirma o sumário do relatório.

Entre as evidências detectadas menciona as mudanças de tendência nas precipitações chuvosas, redução do permafrost (áreas geladas), das precipitações de neve, de gelo e na redução das geleiras, assim como as modificações das migrações e do hábitat de espécies animais, tanto em terra como no mar.

As mudanças climáticas já provocam impacto na produção alimentar, em particular o trigo e o milho. O clima também tem um impacto, mas relativamente pequeno, em doenças nas últimas décadas, por exemplo com as ondas de calor.

RISCOS ATÉ O FIM DO SÉCULO

"O aumento das temperaturas intensifica a probabilidade de impactos severos, generalizados e irreversíveis", aponta o documento.

Mesmo aumentos de temperaturas de 1ºC ou 2ºC em relação aos níveis pré-industriais apresentam riscos que são "consideráveis".

Um aumento de até 4ºC acarretaria "um impacto severo e generalizado sobre sistemas únicos e em perigo, extinções substanciais de espécies" e "grandes riscos para a segurança alimentar mundial e regional".

Um aquecimento de 2ºC na comparação com o período pré-industrial poderia representar um corte do crescimento econômico mundial de entre 0,2% e 2%. O impacto de um aumento acima de 3ºC é uma incógnita.

A redução da pobreza será mais difícil, especialmente em regiões como a África, que registra grande insegurança alimentar e níveis de desigualdade, e "novos bolsões de pobreza" surgirão em países desenvolvidos e em desenvolvimento.

A ONU tem como objetivo alcançar um acordo, até o fim de 2015, para limitar o aumento das temperaturas a 2ºC.

RISCOS ESPECÍFICOS

- Inundações: as emissões de gases do efeito estufa aumentarão "significativamente" os riscos, em particular na Europa e Ásia.

- Falta de água: os níveis de água em países áridos registrarão quedas "significativas", o que aumentará a tensão para obter acesso a este recurso. O acesso a água em países de latitudes altas provavelmente aumentará.

- Aumento do nível dos mares: a quantidade de pessoas expostas a inundações costeiras e à perda de terras crescerá significativamente nas próximas décadas, em parte por causa da alta demográfica e da urbanização. Os pequenos Estados insulares e os países em desenvolvimento em áreas baixas "sofrerão de modo previsível um grande impacto".

- Saúde: os riscos incluem o aumento de doenças transmitidas por mosquitos ou típicas de zonas úmidas, a mortalidade e as doenças provocadas pelo calor, a contaminação ou queda de qualidade da nutrição.

- Fome: todos os aspectos da segurança alimentar serão afetados pela mudança climática, especialmente os relacionados com os cereais e as reservas de pesca. Sem medidas adequadas, a produção de trigo, arroz e milho cairá em meados do século, mas algumas áreas podem sair beneficiadas. A partir de 2050 os riscos serão mais severos.

As regiões tropicais e subtropicais serão mais afetadas. Um aumento da temperatura superior aos 4ºC neste século, combinado com a demanda maior de alimentos de uma população em crescimento, "representa grandes riscos".

- Extinção de espécies: Muitas espécies terrestres e de água doce poderiam desaparecer em consequência do fim de seus hábitats. As espécies no Ártico e nos recifes de corais passam a correr grave risco se a temperatura subir 2ºC.

- Conflitos: "As mudanças climáticas podem aumentar indiretamente os riscos de conflitos violentos em forma de guerras civis e atos de violência entre grupos", por causa da disputa provocada pela pobreza, a fome, e a falta de moradia.

- Pontos críticos: um aumento de temperatura de nível médio ou alto representa "um alto risco de mudanças abruptas e irreversíveis" em ecossistemas regionais, como a Amazônia, os recifes de coral ou a tundra do Ártico.

COMO ADAPTAR-SE ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

"Os riscos globais do impacto da mudança climática podem ser reduzidos, caso a magnitude e o ritmo do fenômeno sejam limitados", explica o texto.

Reduzir as emissões de CO2 de forma rápida diminuirá a severidade dos impactos.

Há opções relativamente baratas e simples, como:

- Reduzir o desperdício de água, aumentar a reciclagem.

- Evitar os assentamentos humanos em áreas propensas às inundações, aos deslizamentos de terra e à erosão costeira.

- Preservar terras úmidas que podem servir de barreiras contra as inundações e salvar os manguezais que podem proteger as costas de tempestades inesperadas. Lutar contra os incêndios florestais.

- Introduzir cultivos resistentes às secas e estimular os sistemas de irrigação eficientes.

- Desenvolver áreas verdes nas cidades que suavizem o impacto das ondas de calor.

- Estimular os sistemas de prevenção e a conscientização sobre o aquecimento global na administração pública. Elaborar políticas a nível local e regional.

- Reforçar os planos de luta contra desastres naturais.

- Fortalecer as instituições internacionais que atuam para desativar crises entre os países que disputam recursos naturais.

FONTE: "Mudança climática 2014: Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade" (IPCC)

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