Jornal Estado de Minas

IPCC alerta para necessidade de lutar contra o aquecimento global

Em reunião no Japão, entidade vê como preocupante a falta de ação dos países, com conferência fracassada em 2009 e a próxima só no fim de 2015

AFP

Membros do Greenpeace fazem cobranças a líderes mundiais, no lado de fora de reunião do IPCC no Japão - Foto: Yoshikazu TSUNO/AFP


A severa advertência feita pelos especialistas do IPCC sobre o impacto das mudanças climáticas deve levar os dirigentes do planeta a redobrarem seus esforços na luta contra o aquecimento global, segundo especialistas. "A Terra está em apuros", resume o Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla em inglês), uma ONG ambientalista, sobre o relatório divulgado nesta segunda-feira.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão ligado à ONU, alerta para questões como insegurança alimentar, deslocamentos massivos de pessoas, falta de água e conflitos causados pelo aumento na temperatura. Para a WFF, o relatório reforça que "a mudança climática é real, está ocorrendo agora e afeta as vidas e os meios de sobrevivência das populações, assim como os frágeis ecossistemas de que dependem as vidas".

A costarriquenha Christiana Figueres, responsável pelo clima da ONU, acredita que existam dois caminhos a serem seguidos: a inação ou um esforço por mudanças. Ela pediu a aceleração e a intensificação dos esforços para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e a gestão dos riscos inevitáveis ligados ao aumento da temperatura.

A comunidade internacional está envolvida há anos em negociações complexas, organizadas pela ONU, para lutar conta o aquecimento global. O próximo encontro nesse sentido, depois do fracasso da Conferência de Copenhague em 2009, será em Paris, no final de 2015. O objetivo será alcançar um acordo global que limite a emissão de gás carbônico, enquanto os países do Terceiro Mundo provavelmente pedirão apoio para combater o aquecimento.

'Corda bamba'

Para a Aliança dos Pequenos Estados Insulares, que reúne os países mais ameaçados pelo aumento do nível do mar, as conclusões do IPCC "não são uma surpresa". Mas sua presidente, a embaixadora Marlene Moses, espera que o informe "ajude a convencer a comunidade internacional - e em particular os maiores responsáveis pelas mudanças climáticas- a reagir à crise com maior urgência; não em um futuro abstrato, mas imediatamente". "Não podemos nos dar o luxo de esperar", reconheceu também o secretário de Estado americano, John Kerry.

Tendo como objetivo um acordo em 2015, um cúpula está prevista para 23 de setembro, na sede da ONU, em Nova York.
Também será realizada uma conferência anual em Lima, no final do ano. As discussões vão buscar um consenso em torno do alcance e da natureza deste futuro acordo, planejado para entrar em vigor a partir de 2020. Segundo o novo relatório do IPCC, "o tamanho dos impactos depende diretamente do momento em que começarmos a diminuir nossas emissões" de gases do efeito estufa, resumiu Forbes Tompkins, analista do Word Ressources Institute.

Na opinião do Greenpeace, "estamos em uma corda bamba. Mas se atuarmos com audácia e reduzirmos mais rapidamente as fontes de contaminação, é possível evitar maiores ameaças". A ONG aconselha os governantes a irem a Nova York com "ofertas sérias", que permitam aspirar a um "sistema energético 100% renovável". "Mais conhecimento é sempre bom. Mais ações, seria ainda melhor", explicou Connie Hedegaard comissária europeia sobre o clima, que pediu que as principais economias adotem planejamentos ambiciosos de redução de emissões de gases.

Além disso, a mensagem do IPCC é clara, considera o especialista Jean Jouzel. "Se conseguirmos manter o aumento da temperatura em 2°C, não teremos maiores impactos".

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