Pesquisadores do grupo de cientistas Cochrane Collaboration e do BMJ já argumentavam que não havia testes suficientes para provar que o Tamiflu funciona e afirmaram que, depois de obter acesso a testes internos conduzidos pela sua fabricante, Roche, descobriram que o remédio reduz os sintomas da gripe pela metade em um dia em adultos, mas tem pouco efeito em crianças. Comparando com pessoas que tomaram uma pílula placebo, não havia provas de que as que tomavam Tamiflu tinham menos probabilidade de ser hospitalizadas ou sofrer complicações graves da influenza.
Especialistas não envolvidos na pesquisa assinalaram que o Tamiflu funciona melhor quando dado aos pacientes cedo e é difícil as pessoas chegarem ao médio em estágio inicial. "Não é que os medicamentos não funcionam, é apenas difícil de usá-los para seu melhor efeito", disse Wendy Barclay, especialista em influenza da Imperial College London, em comunicado. Ela citou alguns problemas com a forma como cientistas do Cochrane e o BMJ interpretaram os dados e disse que é prudente os governos estocarem Tamiflu, porque há poucas drogas disponíveis para tratar a gripe. "Se outra pandemia ocorresse amanhã e o governo (do Reino Unido) não tivesse medicamento para tratar milhares de pacientes com gripe, eu imagino que haveria um clamor público."
A empresa farmacêutica suíça Roche disse que "discorda fundamentalmente" das conclusões gerais do estudo e que mais de 100 países aprovaram o medicamento. Os EUA gastaram mais de US$ 1,3 bilhão no estoque do antiviral, enquanto o Reino Unido desembolsou quase US$ 711 milhões com o Tamiflu nas preparações para a pandemia, de acordo com documentos governamentais citados pelo Cochrane e pelo BMJ.
Agências de saúde pública como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Centro para Prevenção e Controle de Doenças dos EUA continuam recomendando o uso do Tamiflu e disseram que o remédio foi útil no tratamento de pacientes com novas cepas do vírus, como as da gripe aviária. Fonte: Associated Press..