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Países membros aprovam relatório sobre clima da ONU

A fome poderá ser especialmente severa nos países tropicais e subtropicais. A Amazônia é um dos ecossistemas que mais poderão ser prejudicados, juntos com os polos, os pequenos Estados insulares no Pacífico e os litorais marítimos de todos os continentes, diz o texto


postado em 12/04/2014 12:22 / atualizado em 12/04/2014 12:47

Refugiados sofrem com a fome na República Democrática do Congo, antigo Zaire, em 1994. Mudanças climáticas devem afetar populações vulneráveis do planeta, dizem pesquisadores(foto: PASCAL GUYOT / AFP)
Refugiados sofrem com a fome na República Democrática do Congo, antigo Zaire, em 1994. Mudanças climáticas devem afetar populações vulneráveis do planeta, dizem pesquisadores (foto: PASCAL GUYOT / AFP)

Representantes dos países membros do Painel da ONU sobre a Mudança Climática (IPCC) aprovaram neste sábado um relatório com várias opções para enfrentar as emissões de gases de efeito estufa. Este documento do IPCC é o resultado de seis dias de discussões em Berlim e deverá ser publicado no domingo. Trata-se de uma síntese de um relatório mais amplo, que constitui, por sua vez, a terceira parte de um importante trabalho de investigação realizado por mais de 200 cientistas durante quatro anos.


A síntese a ser publicada contém uma série de opções para limitar as emissões dos gases de efeito estufa provenientes de combustíveis fósseis e da agricultura. Acredita-se que o documento considera factível limitar o aquecimento global a um máximo de 2º Celsius, desde que as emissões sejam reduzidas. Segundo um rascunho ao qual a AFP teve acesso, a maior parte das hipóteses para obter esse objetivo implica triplicar ou até quadruplicar a parte das energias renováveis, nuclear ou fóssil, quando suas emissões puderem ser capturadas ou armazenadas.


Segundo o relatório do IPCC divulgado em 31 de março, o aumento das emissões de CO2 elevará durante este século os riscos de conflitos, fome, enchentes e migrações. "O aumento de temperaturas aumenta a probabilidade de impactos severos, generalizados e irreversíveis", em todo o mundo, alertou o informe do IPCC.

Se não se conseguir estancar as emissões dos gases causadores do efeito estufa, o custo pode chegar a bilhões de dólares em danos a ecossistemas e a propriedades, além da necessidade de se criar sistemas de proteção dessas mudanças. Os efeitos da mudança climática já começam a ser notados e vão piorar com cada grau centígrado de aumento da temperatura.

A fome poderá ser especialmente severa nos países tropicais e subtropicais. A Amazônia é um dos ecossistemas que mais poderão ser prejudicados, juntos com os polos, os pequenos Estados insulares no Pacífico e os litorais marítimos de todos os continentes, acrescenta o texto.


Bastante extenso, o informe detalha os efeitos por região. Nas Américas do Sul e Central, os desafios são a escassez de água em áreas semiáridas, as inundações em zonas urbanas superpovoadas, a queda da produção alimentar e de sua qualidade e a propagação de doenças transmitidas por mosquitos.


Esse novo documento, publicado em Yokohama, em Tóquio, após cinco dias de reuniões, detalha de forma mais extensa o alcance do problema, que se acelerou a partir do século XX. As temperaturas vão subir entre 0,3ºC e 4,8ºC neste século, o que se soma ao 0,7ºC calculado desde o início da Revolução Industrial. Além disso, o nível dos mares aumentará entre 26 e 82 centímetros até 2100. A alta das temperaturas reduzirá o crescimento econômico mundial entre 0,2% e 2% ao ano - calculam os cientistas. Nesse sentido, o IPCC reivindica um pacto mundial até o final de 2015 para limitar esse aumento a até 2ºC no século atual.


Os impactos aumentam com cada grau centígrado e podem ser desastrosos acima de 4ºC, adverte o texto. A mudança climática pode provocar mais conflitos regionais, devido às migrações das populações afetadas pelas enchentes e à competição pelo monopólio de água e comida. O relatório garante que o aquecimento global é irreversível, mas que pode ser reduzido drasticamente, se o ser humano controlar as emissões de CO2.


Algumas medidas que podem ser aplicadas de imediato são "baratas e fáceis", como reduzir o desperdício de água, ampliar as áreas verdes nas cidades e proibir assentamentos humanos em zonas de alto risco.


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