O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou neste sábado que "nada impede" a normalização das relações entre a Rússia e o Ocidente, que passam pelo pior momento desde a Guerra Fria em consequência da crise na Ucrânia.
"Acredito que não há nada que impeça a normalização e uma cooperação normal", afirmou Putin.
"Isto não depende de nós. Ou não depende apenas de nós. Depende de nossos aliados", completou.
Na quinta-feira, Rússia, Ucrânia, Estados Unidos e União Europeia assinaram um acordo em Genebra que deveria reduzir a tensão no território ucraniano, cenário de vários focos de insurreição separatista na região leste, que tem maioria da população de língua russa.
Na sexta-feira, o governo dos Estados Unidos aumentou a pressão sobre a Rússia para que o Kremlin obrigue os ativistas pró-Moscou a abandonarem os prédios públicos ocupados no leste da Ucrânia. Mas os separatistas resistem a aceitar o acordo de Genebra.
Em Donetsk, a grande cidade industrial do leste, os separatistas pró-Rússia mantêm sob controle a administração regional, um imponente edifício ocupado há duas semanas pelos líderes da autoproclamada "República de Donetsk".
O edifício público, cercado por sacos de areia, pneus e móveis que formam barricadas, é vigiado por homens armados em um clima de aparente normalidade nas ruas.
"Continuamos como sempre", disse um dos ativistas pró-Moscou à AFP.
"Um sacerdote ortodoxo está dentro do prédio para festejar a Páscoa durante a tarde", completou.
As autoridades pró-Ocidente de Kiev fizeram uma tentativa de agradar os separatistas na sexta-feira com a promessa de uma importante descentralização e um estatuto de proteção para a língua russa.
Mas o anúncio tem poucas probabilidades de funcionar, pois 70% dos habitantes da região de Donetsk consideram que o atual governo de Kiev é "ilegítimo", segundo uma pesquisa publicada neste sábado pela revista Dzerkalo Tyjnia.
A pesquisa mostra ainda que 52,2% das pessoas entrevistadas são contrárias à incorporação da região à Rússia.
O governo de Washington advertiu a Moscou que pretende observar de perto o cumprimento do acordo de Genebra, que prevê o desarmamento dos grupos armados ilegais e a desocupação dos prédios públicos, assim como uma anistia para aqueles que entregarem as armas, exceto para os que cometeram assassinatos.
Em uma conversa telefônica com o chanceler russo, Serguei Lavrov, chefe da diplomacia americana, John Kerry, defendeu "o respeito total e imediato do acordo de Genebra de 17 de abril", segundo uma fonte do Departamento de Estado.
Mas o presidente Barack Obama demonstrou prudência e advertiu que Washington e Bruxelas podem adotar novas sanções contra Moscou caso o acordo não seja aplicado.
No mesmo discurso deste sábado, o presidente russo afirmou que a relação de seu país com a Otan também deve melhorar com o novo secretário-geral da Aliança Atlântica, o ex-primeiro-ministro norueguês Jens Stoltenberg.
"Temos ótimas relações, inclusive relações pessoais. É uma pessoa muito séria e responsável", disse.
Vladimir Putin acusou durante a semana o atual secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, de ter gravado em segredo uma conversa privada entre ambos quando era primeiro-ministro da Dinamarca.
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