O OSCE tem 100 monitores em toda a Ucrânia, mas pretende ampliar esta equipe para 300, que, em último caso, pode chegar a 500, disse o porta-voz da missão especial de monitoramento na Ucrânia, Michael Borciurkiw. O acordo conjunto assinado em Genebra em 17 de abril pelos Estados Unidos, Rússia, União Europeia e Ucrânia pede aos ativistas que entreguem suas armas e desocupem os prédios invadidos.
O OSCE ficou encarregado de assumir papel de liderança na assistência as autoridades ucranianas e das comunidades locais para uma imediata implementação do acordo. Durante quatro semanas, as equipes do OSCE vêm monitorando a situação em terra no leste da Ucrânia, região que mais recentemente se rebelou contra Kiev, desde que os ativistas deram início as ocupações de prédios municipais e de segurança no começo do mês. "As equipes têm tido acesso", disse Borciurkiw. "Existem algumas barreiras humanas, pontos de checagem e coisas deste tipo. Na maioria dos casos, com alguma negociação, as equipes conseguem permissão para entrar", acrescentou.
Em uma reportagem divulgada neste sábado, a organização descreveu a situação nas regiões ao leste de Donetsk e Luhansk como "tensa, devido à contínua atividade de oponentes armados do governo central". O OSCE disse que o restante do país, ao sul e leste, a situação é "estável e relativamente calma".
Na capital, Kiev, o relato do OSCE diz que "progressos estão sendo obtidos em relação a desocupação de prédios e remoção de barricadas" tanto dentro quanto nos arredores da praça da Independência, onde muitos manifestantes pró Europa estão acampados.
Não há relato do mesmo progresso no leste do país, onde ativistas pró Rússia ocuparam prédios em Donetsk e pedem por um referendo sobre o futuro da região.
No final da sexta-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a Rússia ainda tem forças estacionadas próximo à fronteira com a Ucrânia. "Obviamente, temos tropas em várias regiões - e temos tropas na região da fronteira da Ucrânia", afirmou Peskov em entrevista na TV russa. "Estas tropas se direcionaram para lá - algumas em condição permanente, algumas por conta do que ocorre na Ucrânia", acrescentou.
Peskov descreveu a Ucrânia como um país que sofreu um golpe armado e observou que a Rússia tem todo o direito de mover suas tropas internamente para qualquer parte de seu território como precaução. Segundo ele, as tropas na fronteira não estão influenciando manifestantes para que invadam edifícios.
O presidente russo, Vladimir Putin, por sua vez, disse que o deadline de um mês anunciado na quinta-feira por ele para que a Ucrânia comece a pagar as dívidas relacionadas a compra de gás da Rússia não tem relação com o cronograma das eleições presidenciais ucranianas. As eleições estão marcadas para o dia 25 de maio, uma semana depois do fim do prazo imposto para a liquidação do compromisso relativo ao gás da Ucrânia com a Rússia. "Não associamos processos econômicos com políticos na Ucrânia", disse em entrevista neste sábado para a TV estatal russa. Mas acrescentou que a Rússia não pode esperar para sempre pelos US$ 525 milhões que ele diz que a Ucrânia deve para a Rússia desde 7 de abril pela entrega de gás durante o mês de março.
Se a Ucrânia não der sinal de pagamento desta dívida em um mês, a Rússia apenas fornecerá gás a Ucrânia que for pago antecipadamente, Putin advertiu na quinta-feira. Dois dias depois, no sábado, Putin sugeriu que estava impondo um limite, ao destacar que a dívida da Ucrânia em gás fornecido e não pago está em US$ 2,2 bilhões. "Não podemos colocar no orçamento da Rússia e dos contribuintes russos a responsabilidade de manter um país forte de 45 milhões de pessoas", disse Putin.
Putin anunciou ainda que os militares russos que ajudaram a Crimeia a realizar o referendo que levou a anexação da região à Rússia serão condecorados..