Jornal Estado de Minas

Novos distúrbios no leste da Ucrânia antes de novas sanções ocidentais contra a Rússia

AFP

Estados Unidos e União Europeia pretendem anunciar nesta segunda-feira novas sanções contra a Rússia, acusada por eles de apoiar os separatistas no leste da Ucrânia, onde a rebelião pró-Moscou é cada vez mais ativa.

Em Kostiantinivka, uma cidade de 80.000 habitantes do leste da Ucrânia, rebeldes pró-Rússia armados assumiram nesta segunda-feira o controle da prefeitura.

Quase 20 homens fortemente armados e com uniformes sem insígnias estavam posicionados diante da prefeitura e alguns militantes construíam barricadas na frente do prédio, no qual foi hasteada uma bandeira da "república de Donetsk".

Em Manila, última etapa de sua viagem pela Ásia, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que Washington anunciará ainda nesta segunda-feira novas sanções contra a Rússia, dirigidas contra indivíduos, empresas e material de defesa de alta tecnologia.

Os países europeus, reunidos em Bruxelas, também devem anunciar um endurecimento das sanções, em coordenação com Washington.

As novas medidas americanas "ampliam as sanções já instauradas", destacou Obama.

O presidente americano afirmou que o governo divulgará uma lista de "indivíduos e empresas".

Os nomes devem incluir pessoas do entorno do presidente Vladimir Putin, acusadas por Washington de não respeitar o acordo assinado em Genebra para reduzir a tensão na Ucrânia.

As sanções reforçadas estarão dirigidas, em particular, contra as importações russas de "material de defesa de alta tecnologia", segundo Obama, que no domingo denunciou as "provocações" russas que estimulam o movimento separatista no leste da Ucrânia.

Em Slaviansk, a 20 km de Kostiantinivka, a situação permanecia tensa, apesar da libertação no domingo à noite de um dos 12 observadores militares da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).

"As negociações continuam com a OSCE para liberar os outros 11 membros da missão, sete estrangeiros e quatro ucranianos", declarou à AFP uma porta-voz dos rebeldes, Stella Jorosheva.

Ela disse que os observadores "estão muito bem".

O conselho permanente da OSCE anunciou uma reunião extraordinária nesta segunda-feira em Viena consagrada ao conflito na Ucrânia.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICR) informou que tenta obter uma permissão para visitar os observadores mantidos como reféns.

O líder separatista e prefeito autoproclamado de Slaviansk, Viacheslav Ponomarev, chamou no domingo os observadores detidos de "prisioneiros de guerra".

Os rebeldes de Slaviansk também mantêm detidos desde domingo três militares ucranianos acusados de espionagem.

A tensão persiste em outras cidades como Donetsk ou Kharkiv.

O prefeito pró-Rússia da cidade ucraniana de Kharkiv, Guenadi Kernes, foi gravemente ferido por um tiro nesta segunda-feira em um "atentado", anunciou a prefeitura.

"Um tiro atingiu o prefeito nas costas. Ele está sendo operado neste momento. Os médicos lutam para salvar sua vida", anuncia o site da prefeitura, sem revelar detalhes.

O prefeito estava em uma bicicleta no momento do ataque, segundo seu gabinete.

Kernes, sob vigilância judicial desde março por um caso de sequestro e tortura, tem antecedentes penais por roubo e fraude.

O prefeito pró-Moscou utilizou métodos acelerados contra os opositores pró-Ocidente de sua cidade durante os três meses de protestos que terminaram com a destituição do presidente pró-Rússia Viktor Yanukovytch em fevereiro.

Em Donetsk, a administração regional anunciou ter encontrado o corpo mutilado de um homem em um rio com sinais de tortura similares aos dois cadáveres encontrados nos últimos dias, incluindo o de um vereador pró-Ocidente.

Os países ocidentais acusam abertamente a Rússia de apoiar, de maneira dissimulada, os separatistas e de criar uma situação similar a que provocou a anexação da Crimeia à Federação Russa em março.

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