Jornal Estado de Minas

EUA pedem vontade democrática ao governo militar do Egito

Em encontro de autoridades, egípcios também mostram preocupação com condenações à morte, mas respeitam a independência jurídica no país

AFP

Secretário de Estado americano John Kerry se encontra com Ministro egípcio de Relações Exteriores Nabil Fahmy - Foto: Chip Somodevilla/AFP


Os militares que ostentam o poder no Egito devem demonstrar sua vontade de instaurar a democracia, declarou nesta terça-feira o secretário de Estado americano, John Kerry, durante um encontro com o ministro egípcio das Relações Exteriores.

O chanceler Nabil Fahmy faz sua primeira visita de alto nível de uma autoridade egípcio a Washington desde a deposição do presidente islâmico Mohamed Mursi, em julho de 2013. "Todos sabemos que foram tomadas decisões preocupantes durante o processo jurídico", afirmou o secretário de Estado, referindo-se à condenação à morte dos cerca de 700 militantes islâmicos ligados a Mursi.

Na segunda-feira, Washington criticou duramente essas sentenças e pediu sua anulação. "Queremos que o governo interino seja bem-sucedido. Temos esperança e buscamos um processo político que seja inclusivo, além da implementação de uma Constituição que reúna pessoas ao redor de uma mesma mesa e que amplie a base democrática", afirmou o governo americano.

Na semana passada, os Estados Unidos suspenderam parcialmente o bloqueio de sua ajuda militar ao Egito, no valor de US$ 1,3 bilhão por ano. O embargo havia sido imposto após a queda de Mursi e a repressão de seus seguidores. Nabil Fahmy afirmou que os tribunais egípcios são independentes e que seu governo não pode interferir nos processos judiciais. Ele garantiu, porém, que "chegaremos a decisões convenientes em cada um desses casos".

O ministro egípcio das Relações Exteriores garantiu que o país voltará a ter uma democracia, mas destacou que a transformação do país tem caráter "social e não se trata simplesmente de passar de um presidente para outro". Na próxima eleição presidencial, prevista para maio, Fahmy prometeu que seu país "construirá uma democracia fundada no estado de direito".

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