Trinta ativistas do Greenpeace, incluindo o capitão da embarcação "Rainbow Warrior", foram detidos nesta quinta-feira no porto holandês de Rotterdam quando tentavam impedir um navio-tanque russo de entregar petróleo extraído no Ártico.
"O capitão foi detido e o barco está sendo levado a outro local", indicou à AFP Roland Eckers, um porta-voz da polícia holandesa.
Alguns ativistas haviam saltado uma cerca para impedir a passagem do navio, enquanto outros se posicionaram a bordo de pequenos barcos, entre o cais e o navio "Mikhail Ulianov", para evitar que ele atracasse, segundo a mesma fonte. "Vários ativistas foram presos, cerca de 30", disse.
O capitão foi o único a bordo do "Rainbow Warrior" a ter sido detido, e o petroleiro, que transporta a primeira carga de petróleo offshore do Ártico, conseguiu finalmente ancorar sem problemas, acrescentou.
O ativista Willem Wiskerke tuitou a partir do "Rainbow Warrior" que a polícia havia detido brevemente a tripulação no refeitório do barco.
O Greenpeace protesta com esta ação contra a exploração de hidrocarbonetos no Ártico, zona de ecossistemas frágeis. Seus ativistas abriram uma bandeira com a inscrição "Não ao petróleo do Ártico" no casco do petroleiro. No total, cerca de 80 ativistas participaram da operação.
O capitão do "Rainbow Warrior" é Peter Wilcox, um dos 30 ativistas do Greenpeace detidos pelas autoridades russas em setembro quando realizavam uma ação contra uma plataforma petroleira do grupo russo Gazprom.
O "Mikhail Ulianov" transportava uma carga procedente da plataforma ártica Prirazlomnaya, contra a qual estava dirigida a ação do Greenpeace de setembro.
Esta carga foi comprada pelo grupo francês Total, acusado pelo Greenpeace de hipocrisia, já que seu presidente, Christophe de Margerie, afirmou em 2012 que não exploraria a região devido a sua fragilidade.
O "Rainbow Warrior" saiu na segunda-feira para enfrentar o navio-tanque, mas o petroleiro russo desativou seu sistema de localização por satélite.
Após as ações do ano passado no Ártico, nas quais os ativistas tentaram subir na plataforma em duas ocasiões, as autoridades russas tomaram o barco "Artic Sunrise" com bandeira holandesa do Greenpeace e detiveram 30 ativistas e jornalistas a bordo, entre eles a brasileira Ana Paula Maciel.
O Greenpeace afirma que a plataforma da Gazprom gera um risco de catástrofe ambiental que pode ocorrer a qualquer momento e arruinar o ecosssistema do mar de Barents, onde a jazida se localiza.
Os 26 ativistas estrangeiros e quatro russos estiveram detidos até Moscou anunciar sua anistia, depois de quase três meses.
A tripulação permaneceu várias semanas detida em prisões locais, antes de ser levada a São Petersburgo e libertada sob fiança. Os militantes, inicialmente acusados de pirataria, finalmente foram acusados de crimes menos graves de vandalismo.
O Tribunal Internacional do Direito do Mar ordenou à Rússia em novembro a libertação dos ativistas e do barco, em resposta a uma demanda formal apresentada pela Holanda.
A Rússia boicotou as audiências do tribunal, com sede em Hamburgo (Alemanha), e ignorou sua sentença. Embora os ativistas tenham sido libertados, a Rússia mantém o "Arctic Sunrise" sob seu poder.
O Greenpeace processou a Rússia perante o Tribunal Europeu de Direitos Humanos por detenção ilegal de seus ativistas, ao considerar uma violação do direito à liberdade de expressão.