Santos transformou a eleição deste domingo em um referendo antecipado sobre o processo de paz com as Farc, que rejeitam o maior adversário do atual presidente nas urnas, o direitista Óscar Zuluaga. "O chamado aos colombianos é para que votem, para que saiam cedo para votar. Isso fortalece nossa democracia, nossas instituições, e poderemos seguir adiante, seja quem for o vencedor, para que este país siga por um bom caminho e alcance a paz tão desejada", disse Santos ao votar, acompanhado da mulher, María Clemencia Rodríguez, e de seus três filhos.
Após uma campanha repleta de acusações mútuas de jogo sujo, Santos e Zuluaga, antigos aliados, lideravam, até oito dias atrás, as pesquisas de opinião, mas nenhum superava os 50% de preferência, o que levaria a disputa para o segundo turno, em 15 de junho. "Voto porque é a única forma que conheço de ajudar o país. Vivemos uma crise permanente, e participar é uma forma de dizer 'basta'", disse à AFP na localidade de Suba, norte de Bogotá, a administradora Joana Elles, 25, referindo-se à corrupção.
Santos, um liberal de centro-direita de 62 anos que governa desde 2010, apresenta estas eleições como um referendo antecipado sobre o processo de paz negociado com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) desde novembro de 2012.
"Houve uma campanha suja sistemática para desvirtuar o processo, e isso gerou dúvidas entre certas pessoas, mas estou convencido de que o povo colombiano é sensato, quer a paz, e, nestas eleições, irá se manifestar claramente a favor da mesma", disse o presidente em entrevista recente à AFP.
"Voto em Zuluaga para que a Colômbia retome o caminho da segurança abandonado pelo atual governo. Voto em Zuluaga para que nosso país tenha uma juventude educada, não refém", disse Uribe após votar. As pesquisas antecipavam um empate técnico entre Santos e Zuluaga. Os outros candidatos - a conservadora Marta Lucía Ramírez, a esquerdista Clara López e o independente Enrique Peñalosa -, favoráveis ao processo de paz, apareciam atrás.
"Está em jogo que tipo de país queremos", disse Zuluaga, que votou no norte de Bogotá, acompanhado da família.
"Os acordos de paz são necessários. Assim, esse dinheiro que é investido na guerra pode ser investido em outros problemas da Colômbia, como a saúde e a educação", disse a estudante María Paula Erazo, que votou na capital.
"Zuluaga vai colocar as cartas sobre a mesa, vai fazer com que haja paz sem impunidade, não o que está fazendo o doutor Santos. Sua traição ao governo anterior não tem perdão", protestou o vendedor de equipamentos de segurança Henry Gallan, 58. O debate em torno das negociações de paz deixou de lado outras preocupações do eleitorado, como o sistema de saúde deficiente, a alta informalidade no mercado de trabalho e a desigualdade em um país que cresceu 4,3% em 2013.