A ex-candidata às eleições presidenciais na Colômbia Clara López anunciou, nessa quinta-feira (29) à noite, que o Polo Democrático Alternativo - partido que a lançou candidata - liberará seus eleitores para o segundo turno entre o presidente Juan Manuel Santos, candidato à reeleição, e o opositor Óscar Zuluaga, do Centro Democrático. Desse modo, o presidente não conseguiu garantir o apoio esperado da esquerda colombiana para ser reeleito.
Embora alguns representantes do partido tenham declarado apoio a Santos, como o senador Ivan Cépeda, a cúpula partidária optou por não se unir à candidatura santista. "No dia 15 de junho, vocês [eleitores] deverão decidir em quem votar, ou se votaram em branco ou se vão se abster. É a autonomia e a consciência de cada um", escreveu a ex-candidata no Twitter.
Mais cedo, a União Patriótica, partido que compunha a chapa de Clara López, havia declarado apoio a Juan Manuel Santos. López alegou que seu partido será oposição, contra Santos ou Zuluaga. "O Polo será opositor do programa dos dois candidatos". Havia uma expectativa de que Clara López se unisse à campanha de Santos.
A ex-candidata foi a quarta colocada nas eleições e teve quase 2 milhões de votos, logo atrás de Marta Ramírez, do Partido Conservador, que aderiu à campanha de Óscar Zuluaga. Entre os conservadores, também houve divisão - cerca de 40 parlamentares se desvincularam de Ramírez e manifestaram apoio a Santos.
Representante dos "azuis", como são chamados os conservadores, Ramírez aderiu à campanha de Óscar Zuluaga na quarta-feira (28), após dizer que tinha mais afinidade com o candidato - apoiado pelo ex-presidente e senador eleito Álvaro Uribe, mas que gostava de alguns pontos do programa de Santos. Ela já anunciou que participará ativamente da campanha do opositor.
Ontem de manhã, Zuluaga disse que manteria o processo de paz iniciado entre o atual governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) com algumas condições, entre elas o abandono do recrutamento de crianças, o cessar-fogo e o fim dos ataques terroristas à infraestrutura.
O candidato mudou o tom do discurso durante o primeiro turno, quando dizia que sua primeira medida, caso fosse eleito, seria "suspender" a mesa de negociação em Havana (Cuba), até que as condições fossem atendidas pela guerrilha. Agora, a tônica da paz é mais presente.
O presidente Santos, que tenta convencer a sociedade a reelegê-lo em nome da paz, respondeu às declarações de Zuluaga e o chamou de "cínico", referindo-se ao fato de o maior apoiador do opositor Uribe defender uma postura ofensiva com relação às Farc.
Ontem, Santos também lançou uma campanha publicitária focada no fim do conflito. O novo comercial pergunta aos colombianos se eles emprestariam seus filhos para a guerra.
O quinto colocado nas eleições, Enrique Peñalosa, da Aliança Verde, também liberou seus eleitores para o segundo turno. Por outro lado, o Movimento Marcha Patriótica, liderado pela ex-senadora Piedad Córdoba, considerada importante interlocutora das Farc, declarou apoio ao presidente.