Os líderes dos países do G7 pediram nesta quarta-feira à Rússia que cesse o processo de desestabilização da Ucrânia e manifestaram sua disposição de incrementar as sanções contra Moscou caso a escalada ucraniana persista.
"Estamos unidos para condenar o prosseguimento, por parte da Rússia, da violação da soberania e da integridade territorial da Ucrânia", afirmaram os líderes de Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Japão, Canadá e Itália.
"A anexação ilegal da Crimeia à Rússia e as ações para desestabilizar o leste da Ucrânia são inaceitáveis e devem cessar", destaca o comunicado final do G7, que exorta Moscou a deter o "fluxo de armas e militantes através de sua fronteira".
"Estamos prontos para implementar sanções que imponham um maior custo para a Rússia se os acontecimentos exigirem",
"Apelamos à Rússia para que reconheça os resultados da eleição" presidencial de 25 de maio, "que conclua a retirada de suas forças militares da zona de fronteira com a Ucrânia, que suspensa o fluxo de armas e de militantes" para o território ucraniano e que "utilize sua influência para que os separatistas deponham suas armas e renunciem à violência", destaca o comunicado.
O G7 "encoraja" ainda as autoridades ucranianas a manter prudência em suas operações para restaurar a lei e a ordem no país.
O presidente francês, François Hollande, confirmou certas "condições" fixadas pelo G7 para que Moscou demonstre sua vontade de baixar a tensão na Ucrânia, entre elas "a retirada das tropas russas" da fronteira ucraniana, o que "parece se confirmar", e o fim do "apoio aos grupos armados" separatistas, o que "ainda deve ser provado".
"O G7 indicou que o diálogo e a redução da tensão devem ser encorajados (...), mas o grupo está pronto para intensificar as sanções (...) para que não ocorram novos confrontos" na Ucrânia.
A chanceler alemã, Angela Merkel, citou ainda como condições a cooperação com o presidente eleito da Ucrânia, Petro Poroshenko, e um acordo sobre o gás, cujo fornecimento ao território ucraniano por parte da Rússia depende de pagamento de Kiev.
- Obama condena Moscou e apoia Kiev -
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, denunciou mais cedo nesta quarta as "manobras obscuras e a agressão" da Rússia na Ucrânia, e expressou seu apoio a Petro Poroshenko.
Ao discursar em Varsóvia, pouco antes de viajar a Bruxelas para uma cúpula do G7, Obama afirmou que "nunca aceitaremos a ocupação da Crimeia pela Rússia, nem as violações da soberania da Ucrânia".
"Como nos fez lembrar a agressão da Rússia na Ucrânia, nossas nações livres não podem se distanciar de nosso ideal comum de uma Europa livre e em paz", ressaltou Obama ao celebrar o 25º aniversário das primeiras eleições democráticas na Polônia, um ex-país do bloco soviético.
"Os Estados Unidos estão comprometidos com o povo ucraniano, e não apenas nos próximos dias ou próximas semanas, mas nos próximos anos que virão", declarou Obama após se encontrar com Poroshenko.
O presidente russo, Vladimir Putin, reagiu às acusações desafiando os americanos a apresentar provas do envolvimento militar russo no leste da Ucrânia: "Provas? Que mostrem!"
"Temos visto, todo mundo viu, a forma como o secretário de Estado americano (Colin Powell) apresentou evidências da presença de armas de destruição em massa no Iraque", ironizou o chefe de Estado russo, referindo-se às acusações infundadas utilizadas em 2003 pelos Estados Unidos para justificar a intervenção militar contra Saddam Hussein.
"Afirmar é uma coisa. Ter provas, é outra. E eu repito: não há força russa, nenhum instrutor russo no sudeste da Ucrânia. Não houve nem há", disse Putin.