Um promotor do departamento anticorrupção espanhol apresentou nesta quinta-feira um recurso de apelação contra o indiciamento por crime fiscal e lavagem de dinheiro que pode levar a julgamento a infanta Cristina, irmã do rei Felipe VI, denunciando una "espiral inquisitiva".
"Até o momento não se apresentou a participação de Dona Cristina de Borbón no suposto delito contra a Fazenda Pública imputado a seu cônjuge", escreveu o promotor Pedro Horrach no recurso.
"Seguimos sem saber, portanto, que delitos concretos e fatos podem ser imputados a Dona Cristina de Borbón", completa o promotor, que sempre considerou insuficientes os indícios para o indiciamento da infanta.
Na quarta-feira, o juiz de instrução José Castro, do tribunal de Palma de Mallorca, concluiu uma etapa do de caso de suposta corrupção que abalou a família real espanhola e manteve o indiciamento da infanta Cristina.
O indiciamento em dezembro de 2011 de Iñaki Urdangarin, de 46 anos, marido de Cristina investigado por suposto desvio de dinheiro público, e depois da infanta em janeiro passado, provocaram um escândalo que contribuiu para derrubar a popularidade do rei Juan Carlos, antes de sua abdicação em 2 de junho.
As consequências do chamado "caso Noos" constituem um dos primeiros problemas que o novo monarca Felipe VI deve enfrentar, depois de assumir o trono em 19 de junho.
Na quarta-feira, a Casa do Rei limitou-se a expressar seu pleno respeito às decisões judiciais.
Ao encerrar uma investigação iniciada em 2010, o juiz José Castro decidiu manter acusados, entre 16 pessoas, Urdangarin e Cristina.
Esta última por "dois supostos crimes contra a Fazenda Pública e um de lavagem de dinheiro".
A infanta afirma que ignorava as supostas atividades delitivas de Urdangarin.
O promotor considera que na decisão do juiz Castro, ele desprezou "indícios de notável força exculpatória".
Horrach denuncia "meras conjecturas" para o indiciamento, baseado em sua opinião em um "juízo de valor" segundo o qual "Dona Cristina de Borbón é culpada, não se sabe bem de quê".
A defesa de Cristina também pretende recorrer do indiciamento.
A decisão final sobre o julgamento da infanta corresponderá à Audiência Provincial de Palma, uma instância superior.
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