Como se reinventar a cada temporada? Onde encontrar inspiração? Os estilistas atribuem boa parte de suas coleções a suas viagens, como na Louis Vuitton e na Issey Miyake, que desfilaram nesta quinta-feira, no segundo dia de desfile de primavera-verão da Semana de Moda de Paris.
Anos 1970 na Louis Vuitton
O homem Vuitton é um grande andarilho: depois do Butão e da América profunda, nas coleções anteriores, ele foi parar no Rajastão, maior estado da Índia.
Cintura alta, bem ajustada, camisas de manga curta, óculos de sol redondos: o ar é totalmente seventies. Mas o homem Vuitton não tem nada de hippie... ele é hiper sofisticado.
Nosso viajante gosta de estampados chevron, aquele padrão em zigue-zague que adorna camisas de manga curta e retoma o Karakoram, motivo clássico da marca. Pequenos espelhos aparecem bordados em algumas peças, remetendo ao trabalho artesanal indiano.
Em 2015, o homem Vuitton prefere as cores caramelo, cáqui e azul, mas não se importa de vestir uma jaqueta bomber de seda laranja, ou um agasalho cor-de-rosa.
O desfile também foi ocasião de mostrar acessórios: bolsas, é claro, com ou sem monograma. Os modelos também carregaram estojos de instrumentos e, para os aventureiros mais chiques, tapetes.
O criador Nicolas Ghesquière, que em março apresentou sua primeira coleção feminina para a Vuitton, assistiu o desfile na primeira fila.
A sensualidade de Dries Van Noten
O estilista belga Dries Van Noten conquistou os convidados da plateia e arrancou aplausos. Sensualidade, elegância, conforto: tudo isso em materiais bonitos, que dão vontade de tocar.
A transparência alterna com o brilho da seda. Roupas de baixo saem de casa para serem vistas na rua, como os ternos que lembram, em muito, confortáveis pijamas.
Dá para imaginar a coleção usada por um intelectual boêmio, prestes a mostrar seu torno, com a camisa aberta. Dries Van Noten optou por valorizar a parte de cima, ainda que as calças e as bermudas sejam um sucesso total.
As cores? Bege, verde esmeralda, bordô, vermelho papoula.
Verão e mar com Issey Miyake
A passarela, feita de pranchas, dá a deixa. O designer da Issey Miyake, Yusuke Takahashi, imaginou sua coleção enquanto passava férias no arquipélago de Palau, no Pacífico.
Diferentemente da sobriedade apresentada pelas grifes da quarta-feira, com Miyake foi possível sentir o cheiro e o calor da primavera-verão.
A marca japonesa propõe, num guarda-roupa completo (do terno ao chapéu de palha), uma moda ampla, confortável, divertida. Abacaxis, pitaias e bananas dão um toque pop-art às roupas feitas de fibras naturais, como o abacá. o resultado é descontraído e elegante.
Criaturas estranhas aparecem em algumas roupas: o designer tomou emprestadas algumas fotos do livro "Abysses" de Claire Nouvian, fundadora da associação Bloom, que milita pela preservação do fundo do mar. Medusas, lulas e outras criaturas saem das grandes profundezas para a luz das passarelas.
"Foi um belo presente" da Issey Miyake, disse Claire Nouvian à AFP. "Aliando o talento de um designer japonês e uma mensagem ambiental, esperamos sensibilizar o mundo da moda. As grandes profundezas estão sendo devastadas", lamenta.
Os desfiles de moda continuam nesta sexta-feira, com destaque para a maison Givenchy.