O Exército iraquiano iniciou neste sábado o ataque para retomar a cidade de Tikrit, controlada pelos insurgentes sunitas, enquanto aviões não tripulados ("drones") sobrevoavam Bagdá, apesar das garantias do primeiro-ministro Nuri al-Maliki sobre a segurança da capital.
De acordo com um oficial militar, o Iraque coordena com os Estados Unidos os esforços para combater o rápido avanço dos rebeldes liderados pelos "jihadistas" do Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL).
Diante da ameaça, o grande aiatolá Ali Al-Sistani, a principal autoridade religiosa xiita no Iraque, pediu aos líderes que se unam para formar um novo governo a fim de superar a crise.
Muitos líderes estrangeiros também enfatizaram a necessidade de se fazer acompanhar uma ação militar contra os insurgentes de uma solução política para a crise que opôs as comunidades sunitas, xiitas e curdas.
A 160 km ao norte de Bagdá, milhares de soldados, apoiados por aviões, lançaram a ofensiva neste sábado sobre Tikrit, a cidade do ex-ditador Saddam Hussein, tomada em 11 de junho pelos insurgentes.
"Uma grande operação militar começou hoje para expulsar o EIIL de Tikrit", declarou o general Sabah Fatlawi, destacando que os "combatentes do EIIL têm uma única alternativa: fugir, ou serem mortos".
As tropas terrestres estão a poucos quilômetros da entrada da cidade, empenhadas em lutar com os "jihadistas" do EIIL, relataram testemunhas.
O general Qassem Atta, conselheiro de Al-Maliki para a segurança, também confirmou que a Força Aérea lançou neste sábado ataques contra os insurgentes em Tikrit e que o Exército já controla a estrada que liga Bagdá a Samarra, ao sul de Tikrit.
O Iraque se coordena com os Estados Unidos "no terreno para estudar os alvos importantes", acrescentou o general em declarações à televisão pública, mas sem entrar em detalhes.
Neste sábado, as forças de segurança iraquianas perderam 20 homens no sudoeste de Bagdá em confrontos com os "jihadistas".
- Drones americanos no Iraque -
Há semanas, o Iraque pede ataques aéreos americanos contra os insurgentes, mas o Washington se limitou a enviar 300 conselheiros militares e anunciar um plano de US$ 500 milhões para armar e treinar rebeldes moderados na Síria. O objetivo é levá-los a participar da luta contra o EIIL no Iraque.
De fato, na Síria, o EILL atraiu a ira dos rebeldes como um todo, e confrontos entre os ex-aliados deixaram milhares de mortos desde janeiro.
Em um novo episódio, os rebeldes islâmicos e o braço da Al-Qaeda lançaram um ataque contra o EIIL para expulsá-los de Bukamal, principal localidade síria na fronteira com o Iraque.
"Drones" americanos armados com mísseis sobrevoam Bagdá, mas - garante um diplomata do Departamento de Estado entrevistado pela AFP - apenas para "proteger" os conselheiros militares e pessoal diplomático dos Estados Unidos presentes no terreno.
Em meio à escalada, Al-Maliki divulgou um comunicado em sua página na Internet, garantindo que Bagdá está "a salvo" de um assalto dos insurgentes.
Neste contexto, em visita a Damasco, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergueï Ryabkov, afirmou que seu país não ficará "de braços cruzados" diante da ofensiva dos "jihadistas" no Iraque. Ainda assim, ele insistiu em que, no Iraque e na Síria, a solução virá somente "de um verdadeiro diálogo nacional".
Já as agências internacionais lançaram um alerta sobre as consequências humanitárias do conflito, que levou 1,2 milhão de iraquianos a fugir de suas casas desde o início do ano.
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