O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou nesta terça-feira que, de agora em diante, toda a responsabilidade pelas operações militares no leste da Ucrânia recai sobre o presidente Petro Poroshenko, que se negou a prolongar o cessar-fogo.
"Até agora, Piotr Alexeevich (Poroshenko) não tinha vínculo direto com o início das operações militares.
Putin também pediu aos países ocidentais que construam uma cooperação com a Rússia "em pé de igualdade" e baseada no respeito mútuo.
"O que aconteceu na Ucrânia é o resultado das tendências negativas em temas mundiais", declarou ainda Putin, enumerando as crise no Iraque, na Líbia e na Síria, e sugerindo que sejam criados mecanismos para impedir qualquer ingerência na Europa.
"Todos nós precisamos na Europa de uma rede de segurança para que os precedentes iraquiano, líbio, sírio e ucraniano não se tornem uma doença contagiosa", enfatizou.
"Peço ao Ministério das Relações Exteriores que prepare propostas neste sentido", disse ainda.
O presidente russo defendeu o direito da Rússia de preservar seus interesses, alegando que, caso contrário, as forças da Otan teriam se instalado rapidamente na Crimeia, a península ucraniana anexada por Moscou em março.
"Definitivamente, tudo aquilo pelo que a Rússia lutava desde a época de Pedro, o Grande, e, inclusive, antes, teria sido apagado", destacou.
"Espero que o pragmatismo se imponha, que os ocidentais abandonem suas ambições (...) e comecem a construir relações em pé de igualdade e baseadas no respeito mútuo", declarou.
Mais cedo, a Chancelaria russa havia afirmado que as autoridades ucranianas tinham que responder pelos crimes cometidos contra a população civil desse país depois que Kiev anunciou a retomada de sua ofensiva contra os separatistas.
"Pedimos às autoridades ucranianas que não bombardeiem cidades e povoados, e voltem a um cessar-fogo real e não fictício para proteger a vida da população", indicou a chancelaria.
"Kiev deverá responder pelos crimes cometidos contra a população civil", acrescentou.
O Ministério russo das Relações Exteriores estabeleceu, além disso, em seu comunicado uma lista de crimes que atribui ao Exército ucraniano e que teriam sido cometidos entre 2 de junho e 1º de julho.
Na lista, estão bombardeios contra prédios civis por parte da artilharia e da aviação.
A chancelaria também se refere à morte de três jornalistas russos no leste da Ucrânia nas últimas semanas, em episódios que Moscou descreveu como atos deliberados.
Os combates entre as forças ucranianas e os rebeldes pró-russos no leste da Ucrânia já deixaram mais de 450 mortos, entre civis e combatentes nos dois campos, desde o início da insurreição há três meses.
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